India is a perfect sample of the world we happen to be living in. Misery, chaos, despair, pain, discomfort, separation, unfairness, beauty, love, joy, union, simplicity, devotion, warmness. All these concepts are accurate to try to describe the wholeness of the human being and of our world. But while in our countries we live most of the time distracted by the regular patterns and the comfort our society offers - and as a consequence those notions appear to us mostly in our consciousness in the form of thoughts - here we dont think about them. We are instead completely invaded by them and we become them because they are a permanent part of the visible reality. We perceive them all the time and everywhere and there is no possible way to escape. We feel alive as much as we see and breathe and we accept what it means to be alive without having to think about it, because there is no place for thinking when we feel reality is violently offering us the possibility to be sensed as a whole. If nothing of what i see seems to be right or fair, i can say at least that it is true. And the more i live, the more i am convinced that truth is all that matters.
sexta-feira, 23 de maio de 2014
India is a perfect sample of the world we happen to be living in. Misery, chaos, despair, pain, discomfort, separation, unfairness, beauty, love, joy, union, simplicity, devotion, warmness. All these concepts are accurate to try to describe the wholeness of the human being and of our world. But while in our countries we live most of the time distracted by the regular patterns and the comfort our society offers - and as a consequence those notions appear to us mostly in our consciousness in the form of thoughts - here we dont think about them. We are instead completely invaded by them and we become them because they are a permanent part of the visible reality. We perceive them all the time and everywhere and there is no possible way to escape. We feel alive as much as we see and breathe and we accept what it means to be alive without having to think about it, because there is no place for thinking when we feel reality is violently offering us the possibility to be sensed as a whole. If nothing of what i see seems to be right or fair, i can say at least that it is true. And the more i live, the more i am convinced that truth is all that matters.
sábado, 7 de dezembro de 2013
la salle d'attente
domingo, 24 de fevereiro de 2013
pensées de minuit
Mas eu acredito que estou aqui por algum motivo e que até descobrir que motivo é esse não posso morrer. E é isso que me faz viver, pensando bem.
Se não acreditarmos no universo, não acreditamos naquilo a que pertencemos.
E viver assim não pode ser bom.
Podemos viver sem sequer pensarmos nisso, que é o que acontece a muita gente.
Mas eu acho que quando se acredita a vida ganha todo outro sentido.
O segredo é mesmo esse, cagar nas respostas.
É mais giro deixar que haja liberdade para sermos nós a inventá-las.
E a mudá-las quando for preciso.
É que a verdade nao está ao nosso alcance
vai-se manifestando aqui e ali
se estivermos atentos deparamo-nos com ela
Eu vejo as coisas assim.
Sei que há-de ser pouco provável alguém ter a mesma visão que eu sobre isto, mas vou encontrando pessoas com visões parecidas e penso que afinal se calhar até faz sentido pensar assim.
Acho que a última vez que me deparei com uma verdade a sério foi sobre as pessoas.. sobre porque é que se comportam assim, porque é que interagem desta maneira. E comecei a sentir compaixão pelas pessoas, a perceber que passamos todos por coisas idênticas e que sofremos todos na vida. E que é impossivel sabermos o que vai na cabeça das outras pessoas, que tudo o que vemos nos outros nao é mais do que uma projecção de nós mesmos e da nossa maneira de vermos o mundo.
E que tudo o que é importante se passa a um nível bem mais profundo e que muitas vezes é dificil as pessoas terem acesso a isso e mostrarem-no cá para fora.
Antes vivia demasiado focada em mim para perceber isso.
Nós somos limitados por tantas coisas e somos tão mais do que uma mente e um corpo. Transportamos informação nos nossos genes de ha milhões de anos, há algo em nós que está inacessivel mas está cá.
A conclusão é perceber que sou apenas um ponto minúsculo neste universo infinito e que a minha vida não tem assim tanta importância mas que eu posso dar-lhe uma se quiser.
E isso é fantástico.
E depois é perceber que o universo funciona por ciclos.
E que a energia está em constante movimento.
E que a morte nao é assim uma coisa tao má.
Porque sei que o universo há-de dar uso à energia que há em mim hoje mesmo depois de eu morrer. Mas que eu como existo hoje nunca mais hei-de ser e é por isso que tenho de aproveitar ao maximo enquanto sou eu aqui.
Começo a desconfiar que o propósito de eu estar aqui
é precisamente libertar-me do meu eu.
.
Mas libertar-me dele nao é fazer com que ele desapareça.
É dá-lo aos outros e ao universo.
É nao viver comandada por ele.
domingo, 13 de janeiro de 2013
marcha funebre
Abracemos a dádiva da imperfeição como sequência lógica da verdade e deixemos gritar livremente a alma.
Morte ao ego. Morte ao ego. Morte ao ego. Morte ao ego. Morte ao ego. Morte ao ego.
quinta-feira, 8 de novembro de 2012
segunda-feira, 29 de outubro de 2012
jogar legos
Capazes de apresentar todas as cores,
empilhamos sem cessar relações consecutivas
em busca de um topo numa pilha organizada.
Construímos, destruímos, refazemos, mudamos.
Mas nunca ficamos verdadeiramente satisfeitos
com a realidade prática da nossa imaginação.
quarta-feira, 24 de outubro de 2012
error 404
when all he has to do is not to disappoint his inner child.
domingo, 9 de setembro de 2012
des contempteurs du corps
«Je suis corps et âme» - ainsi parle l'enfant. Et pourquoi ne parlerait-on pas comme les enfants?
Mais l'Homme éveillé à la conscience et à la connaissance dit: «Je suis tout entier corps, et rien d'autre; l'âme est un mot qui désigne une partie du corps.»
Le corps est une grande raison, une multitude unanime, un état de paix et de guerre, un troupeau et son berger.
Cette petite raison que tu appelles ton esprit, ô mon frère, n'est qu'un instrument de ton corps, et un bien petit instrument, un jouet de ta grande raison.
Tu dis «moi» et tu es fier de ce mot. Mais il y a quelque chose de plus grand, à quoi tu refuses de croire, c'est ton corps et sa grande raison; il ne dit pas mot, mais il agît comme un Moi.
Ce que pressent l'intelligence, ce que connaît l'esprit n'a jamais sa fin en soi. Mais l'intelligence et l'esprit voudraient te convaincre qu'ils sont la fin de toute chose; telle est leur fatuité.
Intelligence et esprit ne sont qu'instruments et jouets; le Soi se situe au-delà. Le Soi s'informe aussi par les yeux de l'intelligence, il écoute aussi par les oreilles de l'esprit.
Le Soi est sans cesse à l'affût, aux aguets; il compare, il soumet, il conquiert, il détruit. Il règne, il est aussi le maître du Moi. Par-delà tes pensées et tes sentiments, mon frère, il y a un maître puissant, un sage inconnu, qui s'appelle le Soi. Il habite ton corps, il est ton corps.
Il y a plus de raison dans ton corps que dans l'essence même de la sagesse. Et qui sait pourquoi ton corps a besoin de l'essence de ta sagesse?
Ton Soi rit de ton Moi et de ses bonds prétentieux. «Que m'importent ces bonds et ces envols de la pensée? se dit-il. Ils me détournent de mon but. Car je tiens le Moi en lisières et je lui souffle ses pensées.»
Le Soi dit au Moi: «Souffre à présent.» Et le Moi souffre et se demande comment faire pour ne plus souffrir - c'est à cela que doit servir la pensée.
Le Soi dit au Moi: «Jouis à présent.» Et le Moi ressent de la joie et se demande comment faire pour goûter souvent encore la joie - c'est à cela que doit lui servir la pensée.
Je veux dire leur fait à ceux qui méprisent le corps. Leur mépris est la substance de leur respect. Qu'est-ce donc qui a créé estime et mépris, valeur et vouloir?
Le Soi créateur a créé à son usage le respect et le mépris, il a créé à son usage la joie et la peine. Le corps créateur a formé l'esprit à son usage pour être la main de son vouloir.
Jusque dans votre folie et dans votre mépris, contempteurs du corps, vous servez votre Soi. Je vous le dis, c'est votre Soi qui veut mourir et se détourne de la vie. Il n'est peut plus faire ce qu'il aime par-dessus tout: créer ce qui le dépasse; c'est là l'objet de son désir suprême, de toute sa ferveur.
Mais à présent il est trop tard - aussi votre Soi veut-il mourir, ô contempteurs du corps. Votre Soi veut périr, et pour cette raison vous êtes devenus les contempteurs du corps. Car vous n'êtes plus aptes à créer ce qui vous dépasse.
Et c'est pourquoi vous vous irritez contre la vie et la terre. Il y a une jalousie inconsciente dans le regard louche de votre mépris.
Je ne suivrai pas vos voies, contempteurs du corps. Vous n'êtes pas les ponts qui mènent au Surhumain.
Ainsi parlait Zarathoustra."
segunda-feira, 4 de junho de 2012
ma définition de dépression humaine
segunda-feira, 7 de maio de 2012
dans le cabinet
domingo, 26 de fevereiro de 2012
domingo, 8 de janeiro de 2012
terça-feira, 15 de novembro de 2011
segunda-feira, 31 de outubro de 2011
post tenebras lux
São horas, sopra o infinito. São horas de te ergueres, o dilúvio emocional já lá vai, terá quem sabe ficado imobilizado nesse espaço entre o verde do chão e os tons vistosos das folhas, que hoje todos pisam num passo apressado, porque longe vão os dias de sol em que estendidos no verde, os tristes sem saberem que o são, observam as folhas ainda nos troncos robustos das àrvores. São horas, são horas de olhares o teu reflexo nas àguas estranhamente calmas do rio e de não caires na tentação relativamente absurda de lhe atirares pedras que sabes que não se ficam por flutuações num reflexo visível à tona da água límpida e hoje quase imóvel, mas que viajam até se fixarem nas profundezas desse mesmo rio que esconde tantos e tão distintos seres que extraordinariamente coexistem misturados numa quietude aparente aos olhos de quem se passeia inocente e distraidamente pelas suas margens.
São horas, mais do que nunca, de te deixares guiar pela luz e de abraçares a estranheza e a incerteza daquilo que se te apresenta hoje, porque no outro lugar onde raízes emergentes se foram criando ao longo de um tempo que já não é de ninguém, capazes de te enlaçar por completo numa escuridão pela qual te deixas seduzir e à qual te acostumaste com ternura, talvez resultante de um martírio aconchegante provocado pela presença de múltiplos desencantos que tendes a adivinhar mesmo antes da sua aparição, nesse lugar que frequentas com amor e devoção, cessaste tristemente de existir.
São horas, e a partir de agora, serão sempre horas, de enfrentares o desafio peremptório de te entregares à vida, tal como ela se entrega a ti sem se repugnar, todos os dias. Gritam os imponentes relógios espalhados pela cidade por onde te passeias, que são horas de aceitares com ou sem ponta de sofrimento, que o realista chegou a ti para pôr em prática a obra do sonhador.
terça-feira, 18 de outubro de 2011
segunda-feira, 3 de outubro de 2011
confession
"But five years ago
something very strange began to happen to me. At first I began having moments of bewilderment, when my life would come to a halt, as if I did not know how to live or what to do; I would lose my presence of mind and fall into a state of depression. But this passed, and I continued to live as before. Then the moments of bewilderment recurred more frequently, and they always took the same form. Whenever my life came to a halt, the questions would arise: Why? And what next?
At first I thought these were pointless and irrelevant questions. I thought that the answers to them were well known and that if I should ever want to resolve them, it would not be too hard for me; it was just that I could not be bothered with it now, but if I should take it upon myself, then I would find the answers. But the questions began to come up more and more frequently, and their demands to be answered became more and more urgent . . .
The questions seemed to be such foolish, simple, childish questions. But as soon as I laid my hands on them and tried to resolve them, I was immediately convinced, first of all, that they were not childish and foolish questions but the most vital and profound questions in life, and, secondly, that no matter how much I pondered them there was no way I could resolve them. Before I could be occupied with my Samara estate, with the education of my son, or with the writing of books, I had to know why I was doing these things. As long as I do not know the reason why, I cannot do anything. In the middle of my concern with the household, which at the time kept me quite busy, a questions would suddenly come into my head: "Very well, you will have 16,200 acres in the Samara province, as well as 300 horses; what then?" And I was completely taken aback and did not know what else to think. As soon as I started to think about the education of my children, I would ask myself, "Why?" Or I would reflect on how the people might attain prosperity, and I would suddenly ask myself, "What concern is it of mine?" Or in the middle of thinking about the fame that my works were bringing me I would say to myself, "Very well, you will be more famous than Gogol, Pushkin, Shakespeare, Moliere, more famous than all the writers in the world - so what?
And I could find absolutely no reply.
My life came to a stop. I could breathe, eat, drink, and sleep; indeed, I could not help but breathe, eat, drink, and sleep. But there was no life in me because I had no desires whose satisfaction I would have found reasonable. If I wanted something, I knew beforehand that it did not matter whether or not I got it.
If a fairy had come and offered to fulfill my every wish, I would not have known what to wish for. If in moments of intoxication I should have not desires but the habits of old desires, in moments of sobriety I knew that it was all a delusion, that I really desired nothing. I did not even want to discover truth anymore because I had guessed what it was. The truth was that life is meaningless . . .
Leo Tolstoy
domingo, 11 de setembro de 2011
quarta-feira, 20 de julho de 2011
blessed be the one who sits down
Well, fuck everybody.
Amen."
quinta-feira, 9 de junho de 2011
dead already
O amor não existe nem nunca existiu.
Projectamos em alguém o que somos
O que nos falta e o que queremos
O que pensamos e o que sentimos
Na esperança de que uma realidade
Possa ser construída à nossa maneira.
Ilusões criadas com o mestre do tempo
Que vem mais tarde a desfazê-las
Orgulhosamente sem pedir desculpas
Porque afinal o amor não existe
O amor não existe, para lá de mim.
E o erro não será de ninguém mais
Senão meu por acreditar que sim.
quarta-feira, 18 de maio de 2011
κρυμμενα
qui j'étais par mes actes et mes dires.
Un obstacle se dressait et transformait
mes actes et ma manière de vivre
bien des fois, quand j'allais parler
un obstacle se dressait et m'arrêtait.
Mes gestes les plus inaperçus
et mes écrits les plus dissimulés -
Ce n'est que par eux que l'on me devinera
Mais peut-être que tant de soucis et tant d'effort
ne valent pas la peine pour me connaître.
Plus tard - dans une société plus parfaite -
quelqu'un d'autre, fait comme moi
apparaîtra certainement et agira librement."
Καβάφης
segunda-feira, 2 de maio de 2011
terça-feira, 26 de abril de 2011
routine
Às vezes não choro e não sei porquê
às vezes choro e sei porquê
e às vezes choro e não sei porquê.
Às vezes sorrio, não sei porquê
se não sei porquê, questiono-me
se me questiono, não faço nada
se não faço nada, fumo
se fumo, não faço nada
se não fumo, não durmo
se não durmo, questiono-me
se me questiono, lá se vai a sanidade
lá se vai a sanidade porque a deixo ir.
Se a deixo ir, culpabilizo-me
se me culpabilizo, não faço nada.
Não faço nada e fumo.
Fumo e não faço nada.
Às vezes faço, não sei porquê
Não sei porquê, mas sabe bem
Sabe bem ou então não sabe a nada
Mas se não sabe a nada, não sabe mal
Se não sabe mal, há que fazer mais vezes.
Mas há que fazer mais vezes o quê?
Se o que é, não sabe a nada.
Mas o que é, às vezes sabe bem.
(devia parar aqui)
Não há botão off, então continuo.
Se continuo, é para ir até ao fim.
Se há um fim, que seja já ali
Se for já ali, lá vou eu até ali.
Mas se não for, cá fico eu aqui
Porque ficar aqui não sabe a nada
E se não sabe a nada, não sabe mal.
Se sabe mal, deixo de fazer.
Se deixo de fazer, deixo de ser(?)
Se deixo de ser...
(é isto, o botão off?)
Se deixo de ser, existo apenas.
Existo apenas, mas continuo aqui
Se continuo aqui, é para ir até ao fim.
Há um fim e pode ser que não seja já ali.
Se não for já ali, por onde é que hei de ir?
Não sei, mas hei de ir.
(quem me dera parar aqui também)
Hei de ir, mas hei de ir só
Porque caminhar só, é o destino do Homem.
Se há destino, não há acaso.
Se há acaso, não há destino.
Se não há nenhum, o que há então?
Se não há nada, existir deve chegar.
Mas se existir não chega, é porque há.
Se há e não sei o que é, não é justo
Se não é justo, revolto-me
Se me revolto, faço alguma coisa.
Se faço alguma coisa, que sirva de algo.
Se serve de algo, sabe bem.
Se não serve de nada, sabe mal.
Então revolto-me e não faço nada.
Não faço nada, porque não sabe mal.
Não faço nada, a revolta desaparece.
A revolta desaparece, deixo de sentir.
Deixo de sentir, não deixo de pensar.
Penso, logo existo (que acertado!)
Logo existo, mas não sou.
Se não sou, não sirvo de nada.
Não sirvo de nada, mas desejo servir.
Se desejo, não estou em paz (diz o Buda)
Se não desejo, não faço nada (digo eu)
Mas desejo e não faço nada
Se não faço nada, não estou em paz.
Não estou em paz.
Não estou em paz!
Quero estar em paz, mas não sei como.
Não sei como, então questiono-me
Se me questiono, lá se vai a sanidade
Mas não a deixo ir, porque sou forte
Sou forte, mas não estou em paz
não estou em paz, porque sou fraca.
Niguém é, tudo está (lá vem o Buda).
Estou fraca, então não faço nada
não faço nada e fumo
fumo e não faço nada.
Se não faço nada, culpabilizo-me
se me culpabilizo e sou forte, não fumo
se não fumo, não durmo
se não durmo, questiono-me
se não me questiono, faço coisas
faço coisas que não sabem a nada.
Não sabem a nada, mas não sabem mal.
Se não sabem mal, há que fazer mais vezes.
Há que fazer mais vezes o que não sabe a nada.
Fazer isso, é conformar-me
se me conformo, não me revolto
se não me revolto, sou quem não percebo
se sou quem não percebo, mais vale não ser.
Mas posso ser e tentar percebê-los.
(boa!)
Se tento percebê-los, tento ser percebida.
se os percebo, estou com eles.
se não os percebo, tenho que estar na mesma.
se sou percebida, quero estar com eles.
se não sou percebida, deixo de querer.
se deixo de querer, não faço nada.
não faço nada e fumo
fumo e não faço nada.
Há vezes em que não fumo e adormeço.
Até adormecer, passam-se dias
dias em que me questiono ou faço algo
se me questiono, os dias prolongam-se
se se prolongam, lá se vai a sanidade
se faço algo, que seja até ao fim
se é para ser até ao fim, não durmo
se não durmo, lá se vai a sanidade
vai-se a sanidade, preciso de dormir.
Preciso de dormir, então fumo.
Enquanto fumo, estou em paz
acabo de fumar, deixo de estar em paz
se não estou em paz, não faço nada
não faço nada, sinto-me inútil
sinto-me inútil, não vejo pessoas
não vejo pessoas, sinto-me só
sinto-me só, penso em ti
Penso em ti, não estás aqui
não estás aqui, mas pensas em mim
pensamos, logo existimos.
Mas nós existimos, sem sermos nada
não somos nada, mas eu amo-te
amo-te e não sei porquê.
Não sei porquê, questiono-me
questiono-me e questiono-te
questiono-te e tu respondes.
Respondes e dizes que me amas.
amas-me, mas não estás aqui
não estás aqui, hás-de estar aí
se estás aí, posso ir ter contigo
se vou ter contigo, tem de ser já.
se não for já, questiono-me
se me questiono, não faço nada
se não faço nada, não vou ter contigo.
Se for já, tudo corre bem.
Se tudo corre bem, sinto-me feliz
sinto-me feliz, onde não posso ficar
não posso ficar, venho-me embora
venho-me embora, volto para aqui
volto para aqui, fico à tua espera
fico à tua espera e não faço nada.
Às vezes faço e sabe bem
ou então não sabe a nada.
Há que fazer mais vezes o que sabe bem
há que fazer mais vezes o que não sabe a nada
há que fazer mais vezes o que sabe mal(!)
há que fazer, há que fazer, há que fazer.
Dizes tu, dizem eles, digo eu.
E eu faço, mas nunca estou em paz
se não estou em paz, culpabilizo-me
não quero culpabilizar-me, deito culpas
deito culpas, deixo de me culpabilizar
deito culpas, revolto-me.
Revolto-me sozinha, não estou em paz
sei que há outros revoltados a sofrerem sós
(Como será a rotina deles?)
sofremos sós, mas deitamos culpa ao mesmo
ora somos nós, ora são eles
sofremos sós, porque não fazemos nada
não fazemos nada, porque não sabemos como
não sabemos como, questionamo-nos
questionamo-nos, mas não nos juntamos
não nos juntamos, não agimos
não agimos, somos como eles
se somos como eles, morreremos como eles
se morrermos como eles, a vida é em vão.
Se a vida é em vão, mais valia não ter nascido.
(ponto de saturação atingido)
Se nasci, foi para viver
se nasci, foi para ser
se nasci, foi para amar
se nasci, foi para me superar
se nasci, foi para me juntar aos outros
se nasci, foi para fazer coisas (que saibam bem)
se nasci, foi para morrer.
E morrer não há-de ser o fim.
E se for, não faz mal
não faz mal, porque vivi.
(pelo menos aos bocados)
(1000000ésimo novo começo)
segunda-feira, 25 de abril de 2011
gotta get some sleep
Quando me sinto bem parece que nem me lembro de alguma vez ter estado mal.
E quando estou mal, não faço ideia do que hei de fazer para ficar bem.
E que se fodam os conceitos.
É que as emoções não têm palavras que lhes correspondam.
Não têm nada que lhes corresponda, a não ser quem lhes dá casa.
Esta casa está mais do que vazia.
Então e o pó?
sexta-feira, 18 de março de 2011
quinta-feira, 17 de março de 2011
the big sleep
Vou ao teu encontro na esperança
de que amor baste a este nada
que vem tomando conta de mim
e de tudo o que é à minha volta.
Vou ao teu encontro porque vejo
no teu sorriso aquilo que gostava
de ver em toda a gente
ou aquilo que toda a gente devia
ter para dar.
Do que eu gostava mesmo
era de ser eu com toda a gente
como sou contigo ou então apenas
como sou comigo quando estou
contigo.
Resumido, sabe bem estar contigo.
Mas são efémeros os momentos
são inúteis as palavras
são incontroláveis as emoções
serão sempre as horas de solidão.
És tu em mim e eu sem ti, sempre
e não há nada que eu possa fazer
para não me deixar cair no vazio
mais uma vez.
São as àrvores ainda despidas
e o céu que teima em estar cinzento
e a inércia que toma conta de mim
incapacita-me à comunicação com
os outros.
Com os outros e comigo mesma.
Já nem a vontade de escrever
Já nem a necessidade de sentir
Já nem sequer qualquer interesse
Já nem nada apetece.
Primavera chega depressa,
Que eu já não aguento estar morta.
sexta-feira, 11 de março de 2011
sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011
sexta-feira, 21 de janeiro de 2011
we're all only one
But that's not good enough.
What is good enough is that we are all the time alert and stimulating one another to do the right thing. Not by judging, but by showing the way.
And you can be, simply showing the way.
And now we are here living the lessons of integration. We need to learn to create a situation where the negative situations and the positive situations unite. Not the positive in preference of the negative, no. Because you create separation that way. You have to unite them."
segunda-feira, 10 de janeiro de 2011
faith in chaos
Ainda que na prática nada, nunca, aconteça
a teoria constantemente a ser redesenhada.
São círculos e quadrados que se entrelaçam
uns nos outros e que não cabem numa folha
porque esta teoria pertence ao infinito.
Mas quem a escreve, quem a vive, se teoria
se pode viver, tira conclusões ao adormecer.
E acorda mais um dia só para ter a certeza
de que está vivo mas sem se mostrar à vida
que a vida não é teoria e há-de ter um fim.
terça-feira, 4 de janeiro de 2011
feelin' the same way
Não me lembro.
Não me lembro de como foi
A minha última broa.
Nem sequer me lembro
Da última vez que abracei
ou beijei ou respirei alguém.
Os telemóveis que são três,
Todos desligados há um mês.
Venho aqui, aliás, fico aqui,
Contigo, que agora és,
O meu único amigo.
Uso-te para estudar,
Para dar notícias à família,
Para tudo o resto.
Então como estás?
Ontem bem, hoje menos.
Amanhã logo se vê.
Já aí não vou, a casa(?),
nem sei desde quando,
porque não há motivo para ir.
Tal como não o há para ficar,
Aqui, nesta casa,
Que ainda não viu viver.
Que ainda não viu ninguém,
Só eu. Coitada, tenho pena.
De mim não tenho pena,
Afinal deixo-me ficar.
Quando saio à rua estranho
O sol. Que aqui é tanto,
comparado ao outro sítio.
O sol. Fico à varanda,
Vejo-o deitar-se atrás
das montanhas brancas,
sempre que ele se deita.
É o único calor que sinto,
O do sol. Bem cá dentro.
Só me passeio na cidade,
De madrugada.
Quando o sono não veio,
E eu deixei-o ir,
mais uma vez.
Não há ninguém.
Há. Há o rio, que lá para as 8,
reflecte enfim os primeiros raios
De sol. Mas nem sempre.
Hoje sim.
Não sei o que foi feito,
Das minhas horas
Enquanto o sol dormiu.
Estive aqui, estive por aí,
Não faço ideia de onde,
Nem como nem porquê.
Volto a casa,
Quando vejo pessoas.
As pessoas são horríveis.
E eu sorri enquanto
Acreditei que não.
Ou pelo menos enquanto
Acreditei que eram horríveis,
Mas que no fundo tinham
Algo bom para partilhar.
Elas não são horríveis,
São vítimas do horror.
Não importa, hoje são
Horríveis e nada partilham.
Hoje, que não sei o que é,
Hoje, não acredito em nada.
Amanhã ou noutro dia,
Sei que sim. Espero que sim.
Temo que não.
Grenoble, 28.11.2009
sexta-feira, 31 de dezembro de 2010
the darkest evening of the year
Kafka
quinta-feira, 2 de dezembro de 2010
l'arbre
Este caos em que a cidade se encontra desperta em mim com mais força ainda a vontade de mudar, porque para mudar basta um pequeno impulso e a neve de hoje é prova disso. Quem me dera agora ser um desses flocos de neve que caem aleatoriamente em cima de alguém ou de alguma coisa. Olho para eles, são tantos, tão pequenos e caem tão depressa mas parecem simultaneamente dotados de uma inércia que lhes amortece a queda como eles me amortecem os passos quando já caídos no chão formam esse manto branco.
Penso que sou um floco e prossigo em direcção às àrvores que não estão nuas hoje pois carregadas de outros flocos. Se eu fosse um floco, deixava-me ficar a derreter ou a congelar, conforme a vontade do tempo, em cima de uma àrvore. Mas eu não sou um floco.
Esquecendo-me de que não estou só e partilhando com o ar estas coisas que me correm pela mente, deixo-me ficar sentada no manto branco, quando uma àrvore se vira para mim, num tom grave mas não sem doçura, essa doçura própria das àrvores,
- Então quem és tu?
E de repente uma busca intensa embora completamente desnecessária, pelas diversas partes de mim que pudessem conter a resposta deixa-me sem expressão aparente ou qualquer movimento. Podia dizer-lhe tantas coisas, mas não sei quais delas seriam verdade, por isso permaneço sem dizer nada, enquanto a àrvore carregada de flocos, a meu lado, dança como se quisesse cativar-me.
- A mim pareces-me um floco, porque não te juntas a nós?
E eu sem saber por que raio a àrvore haveria de me comparar a um floco e a olhar para os outros flocos para ver se eles partilhavam a mesma opinião. Mas os flocos, em silêncio, não mostraram qualquer interesse em mim. De vez em quando, um floco a cair da àrvore e a desaparecer no manto branco ou nas já algumas poças de àgua, que antes eram partes do manto branco. E vejo então sair-me da boca, em tom de resposta, a seguinte pergunta:
- Para quê ser um floco se vou acabar por cair outra vez no manto branco ou numa poça de água e separar-me de ti e dos outros flocos que te habitam?
Ao que a àrvore, sem parar de dançar, me responde:
- Não sei se sabes que as àrvores lêem os pensamentos. Quando aqui chegaste, chegou-me aos ouvidos que querias ser um floco, e eu só estava a tentar ajudar-te. Percebo que afinal já não queiras. Não leves a mal, mas acho que os seres como tu não sabem muito bem o que querem ser. Nós as àrvores não queremos ser nada porque sabemos que somos àrvores e isso chega-nos. Gostamos tanto de estar nuas como carregadas de folhas ou de flocos porque somos bonitas de todas as formas, e gostamos tanto do vazio que essa nudez do outono nos provoca como da alegria das cores transmitidas pelas folhas que temos na primavera, porque são precisamente o vazio e a alegria das cores, em conjunto, e não só uma dessas coisas, que fazem de nós as àrvores bonitas que somos. Eu sei que não és um floco. Os flocos andam sempre em conjunto e não se deixam ficar por vontade própria ao lado de uma àrvore velha como eu. Ou fazem parte de nós ou de outra coisa qualquer, dificilmente encontrarás um floco sozinho. Mas eles não fazem parte de nós por quererem, acontece-lhes, simplesmente, quando dão por eles estão aqui comigo e acham que vão ficar para sempre. Não sabem que numa questão de dias, horas, minutos, vão acabar por cair e desaparecer numa poça de água ou no manto branco, como lhes chamas. Mas quando vão, vão como aqui chegaram. Fico triste, às vezes. Gostava que a presença deles em mim, ou a minha neles, os deixasse diferentes, que saíssem daqui flocos maiores ou de outra cor ou que falassem, por exemplo. Os flocos não sabem falar, e é por isso que estou aqui a falar deles, porque sei que me ouvem mas não me percebem. Sei que gostam de mim e eu também gosto deles, porque gosto de tudo, de todas as coisas que a minha vista alcança, que os meus troncos abraçam, que as minhas raízes encontram. Mas o facto de gostarmos uns dos outros não modifica em nada o rumo que uns e outros tomamos. Eu sei que ficarei para sempre aqui, neste sítio que me viu nascer, e os flocos não sabem, mas sei-o eu e tento em vão ensinar-lhes, que um dia deixarão de ser flocos e deixarão de habitar uma nuvem, uma àrvore, um manto branco para passarem a ser àgua e depois de àgua outra coisa qualquer ainda, é um ciclo que nunca acaba, como a minha nudez ou as minhas folhas, que todos os anos vêm e vão. E tu não és um floco mas comportas-te como um floco, às vezes. Já te tenho visto por aí, várias vezes, e várias vezes tenho caído na tentação de te ler os pensamentos. E lá vais tu então, a achares que vais ser durante muito tempo tu e que precisas de arranjar outros como tu para passares o teu tempo, a perguntares-te porque é que a vida é assim, sem falares, nunca dizes nada, nunca te ouço falar com ninguém, mas também te vejo muitas vezes lá no meio dos outros, todos os dias quando passas aqui sei que vais ter com eles. E vê-se que gostas dos outros, como eu vejo que os flocos gostam de mim. E percebo que não lhes fales, tal como eu não falo para os flocos, por saber que me ouvem, mas não me percebem... O que tu devias saber e não sabes, pelo menos pelo teu olhar e pensamentos de agora não me parece que saibas, é que ao contrário dos flocos, tu não chegaste aqui a mim por acaso. Para ti é por acaso, eu sei: estavas a andar e eu fui a primeira àrvore que encontraste. Mas se eu sei ler os teus pensamentos, será que não sei controlá-los também? Porque é que até agora ainda não te passou pela cabeça que eu pudesse ter-te trazido até mim? Porque é que os seres como tu acham o contrário daquilo que fazem ou são? Olha para ti, comportas-te como um floco e sabes que no fundo de ti não és nem queres ser floco nenhum. Há coisas que tu achas que fazes, mas não fazes, acontecem-te. É assim com os flocos também. Mas depois há as outras coisas, e é por isso que tu não és um floco, que tu escolhes que te aconteçam. E é isto que eu quero que saibas, que há uma parte ou mesmo infinitas partes em ti que tu não controlas, que tu não conheces, porque tal como os flocos não têm capacidade para falar, tu não tens capacidade para percebê-las. Mas é aquilo que tu pensas e sentes que vai fazer com que essas partes se manifestem, de uma maneira ou de outra. O facto de pensares que querias ser um floco há bocadinho, fez-me querer ter-te comigo, porque estou habituada a lidar com flocos e sabia que tu não eras um, então apeteceu-me saber mais de ti. Mas imagina que tinhas pensado: quem me dera ser um avião. E nesse caso, eu teria deixado que passasses por mim, sem te chamar. E nunca teríamos tido esta conversa. Agora que já a tivemos, vou deixar-te ir, vou calar-me e voltar a estabelecer comunicação com os meus flocos, que já devem estar a achar estranha esta minha ausência e dar as boas-vindas aos recém-chegados. Espero ver-te por aí mais vezes, espero que penses menos em ti como um floco e mais como aquilo que és, espero que sempre que precisares de falar, te lembres de que vou ficar para sempre aqui, agarrada à terra que me viu nascer e que és tu quem vai seguir um rumo ainda por escrever, e que esse rumo é escrito por ti e por quem ou aquilo que tu quiseres que escreva. Pensa e sente aquilo que queres que seja escrito e vais acabar por fazer aquilo que escreveste, em conjunto comigo, em conjunto com todas as outras coisas com quem te cruzas, todos os dias. E não te esqueças do mais importante: não tentes ser um floco se sabes que não o és. Não tentes ser nada, pensa e sente aquilo que tens para pensar e sentir e hás-de acabar por ser alguma coisa. E não vale a pena procurares que coisa é essa.
E lá vou eu então, perna direita, perna esquerda, mais contente por saber que pelo menos com as àrvores posso falar.
segunda-feira, 29 de novembro de 2010
you know the best things in life are free
Suelo
quinta-feira, 18 de novembro de 2010
on my way
E parece que a minha vida toda é centrada nesta ideia. Ora me sinto plena e confiante, cheia de força e esperança por achar que sou eu que estou certa e que o mundo não tem sentido; Ora se sucede precisamente o contrário por achar que o mundo é dono da razão e que eu não sou mais que uma mente perturbada e demente que por aqui se passeia e tira as conclusões mais transviadas que poderiam ser. Acho que quanto mais vou evoluindo mais vezes sou eu que estou certa, ou pelo menos, assim o vejo. Então porque é que não me consigo integrar nesse mundo se já o percebi? Porque é que não consigo projectar nele de outra forma que não teórica a minha vontade de ser melhor e de transformá-lo também a ele em algo melhor? Será que a minha verdade não pode coexistir com a verdade do mundo? Mas se eu sou parte dele, meu deus! Como é que eu poderei não conseguir fazer parte daquilo que fui destinada a fazer parte? Parece que é uma rejeição mútua: há dias em que não quero nada com ele e há outros em que tento em vão ser aceite. Talvez o problema seja esse mesmo. Tentar integrar-me numa coisa da qual faço parte parece-me ser uma ideia absolutamente descabida de sentido. É estar a forçar algo que devia ser natural. As circunstâncias assim o exigem.
Mas as circunstâncias são transitórias, o eterno será bem outra coisa.
domingo, 14 de novembro de 2010
electric feel
E se as pessoas vivessem (literalmente) de olhos fechados, será que a minha existência no meio delas poderia ser outra que não esta batalha incessante para me integrar numa realidade que vai contra a minha natureza? Diz uma qualquer parte de mim que contrariar a minha natureza é a maneira mais eficaz de aceitar a falta de sentido que revela ter tudo o que é. E agora outra parte ainda a gritar que nada é, tudo está. E para mais argumenta: é por isso que às vezes as coisas parecem fazer sentido. Num momento sim, no outro logo a seguir essa ordem que parecia ser indubitavelmente certa já voou. Que importa? Os momentos bons compensam de forma resoluta os maus. É como que ter em mim todas as emoções sem me sentir obrigada a escolher uma ou duas para ter agora. É como que saber que eu sou tudo e não sou nada, porque estas duas palavras são a mesma coisa. É ver uma mulher a pedir dinheiro na rua e um empresário a sair de um banco e perceber que não há nada, absolutamente nada, que os diferencie (mas lá está, o tudo e o nada são a mesma coisa). É sentir uma emoção negativa percorrer-me as entranhas e sorrir por saber que ela não está aqui em vão. E no fim de contas, é saber que a morte pode chegar quando bem lhe apetecer, porque eu estarei preparada.
sexta-feira, 12 de novembro de 2010
the dream of a ridiculous man
Fyodor Dostoevsky
domingo, 7 de novembro de 2010
siddhartha
"Pendant sa marche lente Siddhartha réfléchissait.
Il constata qu'il n'était plus un jeune homme, mais qu'il était devenu un homme. Il constata encore qu'une chose s'était détachée de lui, comme la peau se détache du serpent, qu'une chose n'existait plus en lui, qui l'avait accompagné, durant sa jeunesse, qui lui avait appartenu: c'était le désir d'avoir des maîtres et d'écouter leurs préceptes. Le dernier maître qui apparût sur sa route, le plus grand et le plus sage des maîtres, le plus saint, Bouddha, il avait dû le quitter, se séparer de lui; il n'avait pu accepter sa doctrine.
(...)
Govinda s'était fait moine et avait pour frères des milliers d'autres moines qui portaient le même habit, avaient les mêmes croyances, parlaient la même langue. Mais lui, Siddhartha, à qui, à quoi appartenait-il? De quoi partagerait-il l'existence? De qui parlerait-il la langue?"
Hermann Hesse
sexta-feira, 5 de novembro de 2010
la voie
Acredito que sim ou faço por isso, porque o meu estado final não poderia ser outro que de uma aflição e revolta inconcebíveis por me ver transpôr a mesma meta que todos os outros quando não existe comparação possível de percursos (ainda que por enquanto mentais) percorridos.
Mas não seriam a aflição e revolta inconcebíveis mais apropriadas durante o percurso que no seu fim? A resignação vai tomando conta de tudo e a mim hoje, num quilómetro qualquer da minha existência aparentemente conformada, não me parece haver qualquer diferença entre o cego e o perdido. O cego estará perdido, pois não vê; o perdido ficará cego por não saber o que vê.
E eu que acabo de me contradizer dupla ou triplamente porque coerência já não é precisa. Quem sabe, não precisa de ser coerente, porque não precisa de ensinar, nem de ser ouvido. Só precisa de aprender a mover-se em função da sua sabedoria.
segunda-feira, 1 de novembro de 2010
pigeon-holes
Males do not represent two discrete populations, heterosexual and homosexual. The world is not to be divided into sheeps and goats. Not all things are black nor all things white. It is a fundamental of taxonomy that nature rarely deals with discrete categories. Only the human mind invents categories and tries to force facts into separated pigeon-holes. The living world is a continuum in each and every one of its aspects. The sooner we learn this concerning human sexual behavior, the sooner we shall reach a sound understanding of the realities of sex."
Alfred Kinsey
sexta-feira, 15 de outubro de 2010
the mirror conspiracy
A vontade é tanta de erradicar essa inércia que te consome, a cada hora, a cada tempo, a cada ciclo, porque todos os anos são iguais e quanto mais cresço mais certo isso se torna, eu que ainda tento mesmo que não saia de mim, eu que caminho já sem olhar para onde porque o círculo não se deforma nunca, eu que me afogo e me salvo a mim mesma por morrer ter que ficar sempre para depois, enquanto espero por algo que sei que não vem. Mas eu pelo menos espero por algo que sei que não vem. E tu? Gostava de roubar-te o silêncio e cometer todos os crimes que não tolero, entrar em ti e dizer-te que te sei de cor e sei-te melhor do que tu te sabes a ti. E tu só não me sabes porque nunca tentaste, tu que estiveste lá quando eu nasci, tu que me levaste pela mão tantas e tantas vezes sem eu nunca saber por onde mas sem ter que saber por seres tu a levar-me e isso bastar-me. Lado a lado, durante um tempo que foi um sempre, o da infância, onde não importavam os outros nem as suas opiniões que tu, hoje cego, tomas como melhores que as tuas, onde espaço não havia para brinquedos outros que não os nossos, num campo de batalha também ele cíclico, por nunca o esquecermos um dia que fosse, por ser a guerra da inocência, onde risos e cumplicidade inconsciente eram armas poderosas.
"I have a very strong feeling that the opposite of love is not hate - it's apathy. It's not giving a damn."
O meu medo é tanto e eu sempre a dar-lhe com a indiferença, possivelmente já não há cura para esta minha maneira automática de esconder o que é belo ou forte por não saber como expô-lo, e o meu medo é tão forte, mascaro-me mesmo quando não quero e não quero mascarar-me nunca. Mascaro-me diante de ti que não me vês nem me sabes porque nunca tentaste ou então tentaste e nunca conseguiste - são as máscaras, mas que evidência - mas eu sei-te e nunca tentei mostrar-te que sim, tu que estás perdido, tão perdido, e eu sei-te e finjo que não por não saber como dizer-to, por não ousar sequer olhar-te. O meu medo é tanto, e tu estás perdido e um dia vou perder-te para sempre e morrer então porque morrer não poderá ficar para depois, com tanto remorso de saber que um dia te poderia ter salvo mas não o fiz só porque abdicar de nada, é abdicar de algo. E como tu, eu estou perdida, embora saiba onde, num mundo só meu que em todos os ciclos me acompanha e nada muda, num mundo só meu que não é nem nunca poderá ser, e eu consciente disso mas antes nele que no outro, e tu que me levavas sempre por onde sabias, perdeste-te então numa terra sem nome que fica num mundo que não existe e no qual ainda acreditas.
Confesso-te hoje, num dia deste mundo que é, que há um dia no meu mundo que sei que nunca será, em que terras sem nome são capitais, mundos que não existem coexistem uns com os outros, e em que não há nada, mas mesmo nada, em que não se possa acreditar.
domingo, 10 de outubro de 2010
Escrever é a terapia mais digna da existência,
A terapia das emoções e dos pensamentos.
A busca profunda do que sinto e do que penso
Para que se transformem assim naturalmente
As partículas abstractas rumando aleatoriamente
Em material concreto vestido de forma e lucidez.
É como que um esvaziamento parcial da alma:
Embora tudo permaneça algures no interior
Acontece a transcendência para o lado de fora.
E a exteriorização do que sou, pois se sou
O que penso, não será nada menos nem mais
Do que a minha projecção para a eternidade.
terça-feira, 5 de outubro de 2010
blow your heart
Albert Einstein
segunda-feira, 20 de setembro de 2010
quinta-feira, 26 de agosto de 2010
one of the tribe
Ocorreu então não inesperadamente a troca do concreto pelo abstracto.
A magia de uma espiral transcendente à vida que nos embarca consigo
E nos deixa pensar que ficar de fora é fugir ao encanto da eternidade.
Esse golpe fugaz de beleza interior que se espalha por todo o espaço
Que sou eu sem que seja meu o eu porque um eu só pode ser universal.
A dança de tudo o que vive e a contemplação recíproca de liberdades
Criam o ambiente propício à harmonia e à salvação da tortura passada.
Jamais o caminho será estabelecido antes de tempo por quem não sabe
Que luz, paz e beleza se encontram num lugar bem longe deste mundo.
Podemos agora dar as mãos e desenhar com as mentes o lugar do amor
Onde cada dia é vivido por cada um num lugar comum da consciência.
domingo, 18 de julho de 2010
baby, it is so warm outside
Friedrich Nietzsche
segunda-feira, 31 de maio de 2010
away
A man needs to travel to places he does not know, he must lose the arrogance that causes him to see the world as he imagines it rather than simply as it is or as it can be, the arrogance that turns us into professors and doctors of what we have not seen, when we should be pupils who simply go and see."