Existirá, por mais ténue que seja, uma diferenciação entre quem não se submete à questão, e quem se perde irremediavelmente em busca de respostas conformando-se assim ao silêncio persistente de um interlocutor desconhecido e abstracto?
Acredito que sim ou faço por isso, porque o meu estado final não poderia ser outro que de uma aflição e revolta inconcebíveis por me ver transpôr a mesma meta que todos os outros quando não existe comparação possível de percursos (ainda que por enquanto mentais) percorridos.
Mas não seriam a aflição e revolta inconcebíveis mais apropriadas durante o percurso que no seu fim? A resignação vai tomando conta de tudo e a mim hoje, num quilómetro qualquer da minha existência aparentemente conformada, não me parece haver qualquer diferença entre o cego e o perdido. O cego estará perdido, pois não vê; o perdido ficará cego por não saber o que vê.
E eu que acabo de me contradizer dupla ou triplamente porque coerência já não é precisa. Quem sabe, não precisa de ser coerente, porque não precisa de ensinar, nem de ser ouvido. Só precisa de aprender a mover-se em função da sua sabedoria.