segunda-feira, 29 de novembro de 2010

you know the best things in life are free

"I don't see money as evil or good: how can illusion be evil or good? But I don't see heroin or meth as evil or good, either. Which is more addictive and debilitating, money or meth? Attachment to illusion makes you illusion, makes you not real. Attachment to illusion is called idolatry, called addiction. I simply got tired of acknowledging as real this most common world-wide belief called money! I simply got tired of being unreal."

Suelo

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

on my way

O paradoxo: a minha (muito provável consequência da imaginação) superioridade resulta num complexo de inferioridade perante os outros.
E parece que a minha vida toda é centrada nesta ideia. Ora me sinto plena e confiante, cheia de força e esperança por achar que sou eu que estou certa e que o mundo não tem sentido; Ora se sucede precisamente o contrário por achar que o mundo é dono da razão e que eu não sou mais que uma mente perturbada e demente que por aqui se passeia e tira as conclusões mais transviadas que poderiam ser. Acho que quanto mais vou evoluindo mais vezes sou eu que estou certa, ou pelo menos, assim o vejo. Então porque é que não me consigo integrar nesse mundo se já o percebi? Porque é que não consigo projectar nele de outra forma que não teórica a minha vontade de ser melhor e de transformá-lo também a ele em algo melhor? Será que a minha verdade não pode coexistir com a verdade do mundo? Mas se eu sou parte dele, meu deus! Como é que eu poderei não conseguir fazer parte daquilo que fui destinada a fazer parte? Parece que é uma rejeição mútua: há dias em que não quero nada com ele e há outros em que tento em vão ser aceite. Talvez o problema seja esse mesmo. Tentar integrar-me numa coisa da qual faço parte parece-me ser uma ideia absolutamente descabida de sentido. É estar a forçar algo que devia ser natural. As circunstâncias assim o exigem.
Mas as circunstâncias são transitórias, o eterno será bem outra coisa.

domingo, 14 de novembro de 2010

electric feel

Há alturas em que só me apetece deixar de ser eu e passar, de repente, a ser toda a gente para que toda a gente possa sentir o que eu sinto. Estranho é que antes isso acontecesse quando me sentia desesperadamente vazia e incompreendida e que agora aconteça quando me sinto invadida por essa força que me extasia os sentidos e parece tirar de um sono profundo partes de mim que valem a pena ser. Não que exista verdadeiramente algo em mim que não deva ou valha a pena ser, mas perante os outros as coisas tendem a funcionar assim. No mundo das pessoas não poderei nunca ser x se me comporto como y. Que tristeza que é essa de sermos governados por aparências. Mas como poderei eu mostrar estas sensações que me percorrem o corpo e tão mais que isso? Nada do que eu sinto me parece poder ser demonstrado como uma evidência banal, como quando se trata de tristeza ou alegria.
E se as pessoas vivessem (literalmente) de olhos fechados, será que a minha existência no meio delas poderia ser outra que não esta batalha incessante para me integrar numa realidade que vai contra a minha natureza? Diz uma qualquer parte de mim que contrariar a minha natureza é a maneira mais eficaz de aceitar a falta de sentido que revela ter tudo o que é. E agora outra parte ainda a gritar que nada é, tudo está. E para mais argumenta: é por isso que às vezes as coisas parecem fazer sentido. Num momento sim, no outro logo a seguir essa ordem que parecia ser indubitavelmente certa já voou. Que importa? Os momentos bons compensam de forma resoluta os maus. É como que ter em mim todas as emoções sem me sentir obrigada a escolher uma ou duas para ter agora. É como que saber que eu sou tudo e não sou nada, porque estas duas palavras são a mesma coisa. É ver uma mulher a pedir dinheiro na rua e um empresário a sair de um banco e perceber que não há nada, absolutamente nada, que os diferencie (mas lá está, o tudo e o nada são a mesma coisa). É sentir uma emoção negativa percorrer-me as entranhas e sorrir por saber que ela não está aqui em vão. E no fim de contas, é saber que a morte pode chegar quando bem lhe apetecer, porque eu estarei preparada.

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

the dream of a ridiculous man

"I have seen the truth; I have seen and I know that people can be beautiful and happy without losing the power of living on earth. I will not and cannot believe that evil is the normal condition of mankind. And it is just this faith of mine that they laugh at. But how can I help believing it? I have seen the truth — it is not as though I had invented it with my mind, I have seen it, seen it, and the living image of it has filled my soul for ever. I have seen it in such full perfection that I cannot believe that it is impossible for people to have it. And so how can I go wrong? I shall make some slips no doubt, and shall perhaps talk in second-hand language, but not for long: the living image of what I saw will always be with me and will always correct and guide me. Oh, I am full of courage and freshness, and I will go on and on if it were for a thousand years! Do you know, at first I meant to conceal the fact that I corrupted them, but that was a mistake — that was my first mistake! But truth whispered to me that I was lying, and preserved me and corrected me. But how establish paradise — I don't know, because I do not know how to put it into words. After my dream I lost command of words. All the chief words, anyway, the most necessary ones. But never mind, I shall go and I shall keep talking, I won't leave off, for anyway I have seen it with my own eyes, though I cannot describe what I saw. But the scoffers do not understand that. It was a dream, they say, delirium, hallucination. Oh! As though that meant so much! And they are so proud! A dream! What is a dream? And is not our life a dream? I will say more. Suppose that this paradise will never come to pass (that I understand), yet I shall go on preaching it. And yet how simple it is: in one day, in one hour everything could be arranged at once! The chief thing is to love others like yourself, that's the chief thing, and that's everything; nothing else is wanted — you will find out at once how to arrange it all. And yet it's an old truth which has been told and retold a billion times — but it has not formed part of our lives! The consciousness of life is higher than life, the knowledge of the laws of happiness is higher than happiness — that is what one must contend against. And I shall. If only everyone wants it, it can be arranged at once."

Fyodor Dostoevsky

domingo, 7 de novembro de 2010

siddhartha

"Pendant sa marche lente Siddhartha réfléchissait.

Il constata qu'il n'était plus un jeune homme, mais qu'il était devenu un homme. Il constata encore qu'une chose s'était détachée de lui, comme la peau se détache du serpent, qu'une chose n'existait plus en lui, qui l'avait accompagné, durant sa jeunesse, qui lui avait appartenu: c'était le désir d'avoir des maîtres et d'écouter leurs préceptes. Le dernier maître qui apparût sur sa route, le plus grand et le plus sage des maîtres, le plus saint, Bouddha, il avait dû le quitter, se séparer de lui; il n'avait pu accepter sa doctrine.

(...)

Govinda s'était fait moine et avait pour frères des milliers d'autres moines qui portaient le même habit, avaient les mêmes croyances, parlaient la même langue. Mais lui, Siddhartha, à qui, à quoi appartenait-il? De quoi partagerait-il l'existence? De qui parlerait-il la langue?"


Hermann Hesse


sexta-feira, 5 de novembro de 2010

la voie

Existirá, por mais ténue que seja, uma diferenciação entre quem não se submete à questão, e quem se perde irremediavelmente em busca de respostas conformando-se assim ao silêncio persistente de um interlocutor desconhecido e abstracto?
Acredito que sim ou faço por isso, porque o meu estado final não poderia ser outro que de uma aflição e revolta inconcebíveis por me ver transpôr a mesma meta que todos os outros quando não existe comparação possível de percursos (ainda que por enquanto mentais) percorridos.
Mas não seriam a aflição e revolta inconcebíveis mais apropriadas durante o percurso que no seu fim? A resignação vai tomando conta de tudo e a mim hoje, num quilómetro qualquer da minha existência aparentemente conformada, não me parece haver qualquer diferença entre o cego e o perdido. O cego estará perdido, pois não vê; o perdido ficará cego por não saber o que vê.
E eu que acabo de me contradizer dupla ou triplamente porque coerência já não é precisa. Quem sabe, não precisa de ser coerente, porque não precisa de ensinar, nem de ser ouvido. Só precisa de aprender a mover-se em função da sua sabedoria.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

pigeon-holes

"The very general occurrence of the homosexual in ancient Greece, and its wide occurrence today in some cultures in which such activity is not taboo suggests that the capacity of an individual to respond erotically to any sort of stimulus, whether it is provided by another person of the same or opposite sex, is basic in the species.
Males do not represent two discrete populations, heterosexual and homosexual. The world is not to be divided into sheeps and goats. Not all things are black nor all things white. It is a fundamental of taxonomy that nature rarely deals with discrete categories. Only the human mind invents categories and tries to force facts into separated pigeon-holes. The living world is a continuum in each and every one of its aspects. The sooner we learn this concerning human sexual behavior, the sooner we shall reach a sound understanding of the realities of sex."


Alfred Kinsey