terça-feira, 8 de maio de 2007

ela sente, escreve e lê

Agarra com a mão trémula a caneta e usa-a transformando em palavras os sentimentos que lhe atordoam a alma. Ela não sabe quem é, nem sabe o que sente. Mas sabe que o é e sabe que o sente. E sabe também que o que é, gostaria de não ser e, que desejaria escolher o que sente.
Ela escreve, sossegadamente.
Porque quando escreve, o que sente movimenta-se da alma para o papel e aquilo que nele escreve, lê-o posteriormente. E quando o lê, não sente, sabe apenas que o sentiu.
Chora então, por ter sentido.
As lágrimas pousam no papel, branco e fino. Absorvidas, dão textura às palavras que antes haviam sido sentidas. Sente saudade do que sentiu, mesmo que o sentimento lhe tenha apedrejado a mente, mesmo que a dor tenha sido tão intensa que, por momentos a sua alma se tenha quebrado, mesmo que um dia a raiva a tenha invadido de forma a que o simples gesto de falar se assemelhasse a um grito ensurdecedor proveniente das entranhas do seu corpo.
Esqueceu-se de que tem corpo, de tão grande que lhe é a alma.
Ela sempre disse que não deixaria nunca que o amor a destruísse , porque o amor constrói-se tão cautelosa e lentamente. A desaparecer, seria progressivamente e não lhe acabaria com a vida num segundo.
Acabou-se-lhe a vida num segundo.
Porque para ela, o amor foi tudo. O amor é tudo. Ela não sabe viver sem amar, nem sabe amar sem escrever. Quando ama, escreve. E depois lê. E chora por ter amado, por ter amado tanto que se esqueceu que deveria ter deixado que a amassem também, que deveria ter dado liberdade a quem amou para escolher se queria ser amado tão fortemente.
Não deu liberdade a quem amou.
E agora que faz ela? Escreve o que sentiu e chora quando o lê. Porque não pode mais senti-lo, se o sentir de nada lhe servirá porque ninguém mais poderá senti-lo. E para ela o mais triste que pode existir, é ter tanto amor para dar e ninguém que dele se queira servir para ser feliz.

É triste também, que ela não seja feliz.
Rasga o papel, parte a caneta. Mas não pode rasgar sentimentos, nem partir o coração. Do que ela gostava, era de que a alma fosse física como o corpo, para se poder esquecer de que a tem.

sexta-feira, 4 de maio de 2007

in a manner of speaking

In a manner of speaking I just want to say, that I could never forget the way, you told me everything by saying nothing.
In a manner of speaking I don't understand, I love when silence becomes repriment, the way that I feel about you is beyond words.

Oh, give me the words. Give me the words, that tell me nothing.
Oh, give me the words. Give me the words, that tell me everything.

(...)


Nouvelle Vague