domingo, 28 de janeiro de 2007

(Já) não sei sentir-me assim.

Neste momento sinto-me capaz de subir a árvore mais alta do parque e gritar que és tudo. Mais do que isso, sinto-me confiante para saltar do seu topo e desfrutar da sensação de liberdade da contínua queda do meu corpo. Porque tu estás lá em baixo para me segurares quando eu chegar ao chão. Para me dares a mão e prosseguirmos a noite lado a lado, sentindo o vento arrefecer as nossas faces enquanto os nossos corações quase se derretem de tanto calor exalarem. E deixo-me levar suavemente por ti, caminho ao ritmo do teu andamento enquanto apertas a minha mão contra a tua. Os meus dedos cruzam-se com os teus, e é como se neste momento, o mundo todo se concentrasse aqui, neste ínfimo espaço, que se encontra entre a minha mão e a tua.

Neste momento.


Apenas neste momento me apetece rir. Mas apetece-me rir como se fosse o último dia em que um ser humano tivesse tal oportunidade. Rio-me perante o teu sorriso. Rio-me por sentir os teus dedos se juntarem mais aos meus, rio-me por o espaço onde todo o mundo se concentra, aquele entre a minha mão e a tua, se estreitar cada vez mais. Não, agora o mundo não nos escapará mais. E rio-me porque me parece ouvir a tua voz dizer algo junto ao meu ouvido, que não compreendo imediatamente. Sabes porquê? Porque neste momento acabaste de proferir o verbo amar. A forma como tu usas o verbo amar é diferente. Porque me faz sentir a pessoa mais viva do mundo.
E é por isso que neste momento me sinto viva como nunca pensei vir a sentir-me. Pela primeira vez percebo, entendo, compreendo o conceito da palavra vida. Todos os significados que podem nascer a partir do tal conceito que agora domino completamente. Neste momento sei perfeitamente que serei eterna. Nós seremos eternas. Não mais acreditarei em efemeridades da vida. Nem tu. Porque sabes que me pertences e eu te pertenço. E será sempre assim. Sempre. Mesmo que um dia tudo acabe, o nosso mundo, que se encontra algures entre a minha mão e a tua, na infimidade de um espaço criado apenas e somente por nós, irá perdurar.


Neste momento realizas o meu âmago, a parte mais profunda do meu ser. E só me apetece mergulhar contigo num mar de ideias, sonhos e sentimentos. Enumerar contigo toda uma complexidade de objectivos que em conjunto iremos atingir. És objecto da minha afeição, és motivo da minha felicidade, da minha plenitude. Neste momento, és tudo.