quinta-feira, 29 de abril de 2010

le monde est une comédie dont les philosophes sont les spectateurs


De repente entras tu neste meu mundo citando Aristóteles
E gargalhando sobre a beleza da vida e a ausência da dor
Enquanto me pergunto se és real ou apenas mais um passo
Em direcção à esquizofrenia desenfreada porém agradável
De que sou alvo fácil nalgumas noites mais que bastantes.
Dançamos os dois então pela casa toda porque chão e tecto
Se esforçam por ser um só e todo o espaço entre somos nós
De mãos dadas pintando reciprocamente os nossos corpos
Com tinta escorrendo por todo o lado mas que logo secará.
Sentamo-nos nesse chão que é o tecto sem lá estarmos
Ao mesmo tempo que o nosso olhar se esgueira pela janela
Confrontando-nos à extravagância pouco sã que se passeia
Nesse lá fora onde todos vivem estupidamente encarcerados
Numa prisão invisível mas que tu e eu avistamos daqui.
Esta noite somos apenas dois loucos presos neste espaço
Onde a liberdade entra pela janela e reina do chão ao tecto
E a dança dos nossos corpos não é mais que o suprimento
Para as palavras que poderiam ser sobre a comédia lá de fora
Mas que cada um guarda dentro de si por ser cedo ainda.
Talvez nem loucos nem filósofos, o que é certo e não o é
Que de certo não tem o mundo, comediantes não somos nós
E eu aqui neste monólogo que já se estende para o infinito,
Se os nossos corpos dialogam porque não filosofamos?









quarta-feira, 7 de abril de 2010