terça-feira, 16 de outubro de 2007
o refúgio das noites de sobressalto
A chuva cai, mas não sinto frio. A minha mão treme um pouco ao levar o cigarro à boca, deveria ter jantado mas a fome não apareceu hoje. Conto pela primeira vez o número de palmeiras existentes na rua e fixo de novo o meu olhar no céu. Não há estrelas, pelo menos eu não vislumbro nenhuma. A lua está pintada de um branco brilhante e surge com uma forma diferente que da última vez que a observei. Já não há tabaco no cigarro, atiro-o e ouço-o cair na calçada suja, vendo faíscas saltarem apenas por um segundo. Uma calma desnorteante consome-me agora, a cama espera-me mas não quero lá deitar-me. Percorro com o olhar a sala, admiro a desarrumação em que se encontra. Visito os outros quartos da casa, vazios e frios. Há muito que ninguém ocupa estas camas, nem se olha a estes espelhos. Regresso ao meu quarto, sinto-o vazio e frio como os restantes, embora eu aqui pare todas as noites procurando descanso da vida que tanto me exausta. Há tantos livros nas estantes, tantas fotografias nas paredes. E eu continuo a achar a minha vida algo de inane. Pouso o meu olhar numa fotografia em particular. Numa das nossas fotografias. Se ao menos tu não tivesses saído da minha vida deixando apenas vacuidade, se ao menos eu pudesse ter-te na cama à minha espera... Talvez os sonhos não fossem pesadelos, talvez às três da manhã eu pudesse estar adormecida num sono profundo e sossegado, talvez não necessitasse de um momento com o cigarro na varanda para me acalmar, um beijo teu bastaria.
O teu corpo seria apenas o refúgio da minha alma inquieta, se não quisesses nada mais que isso.
quarta-feira, 10 de outubro de 2007
Francisco

Em muitos aspectos, és igual a mim. Gostas de ver séries e filmes, fumas ganzas, consideras-te inteligente, sabes escrever, és um idealista que prefere excluir a realidade e achar que tudo tem que acontecer como tu o planeaste, vives com aquele a que eu gosto de chamar de síndroma do dependente da depressão.
Mas tu exageras em tudo isso e eu não. E acho que é por isso que tantas vezes nos desentendemos. O facto de achares que és mais inteligente do que eu e que tens sempre razão, tira-me simplesmente do sério. E as tuas teorias machistas só me fazem querer bater-te até abrires essa mente que é tão à frente para algumas coisas e tão retrógrada para outras. Eu gosto mesmo de ti. Não te quero mudar, porque não tenho esse direito, mas tu podes mudar e acho que devias fazê-lo. Sou tua amiga, como poucos o serão e sei que esta nossa relação durará para além da adolescência, para lá da distância, independentemente de tudo o que esteja para vir e atravessar-se nas nossas vidas. Porque uma pessoa interessante como tu nesta cidade, nunca encontrei. Mas és homem. E pensas demasiado com a cabecinha de baixo. Para além de achares que amas. Esqueceste-te de que apenas alguns homens têm a capacidade de amar e esta só se demonstra depois de uma certa idade. Tu ainda não a atingiste, mas quando atingires talvez eu esteja à espera, para te congratular. Porque tu vais ser dos que amam, só não devias era querer viver tudo agora e amar sem teres capacidade para isso.
quarta-feira, 12 de setembro de 2007
not guilty
Tu também o disseste, sentiste e fizeste, noutra altura, em que não haviam discrepâncias e nos encontrávamos em perfeita sintonia.
Foste tu que mudaste, não eu. Então não me culpes pela tua mudança.
terça-feira, 21 de agosto de 2007
Sara

My sweet and tender hooligan,
Tenho a certeza de que os dedos das minhas mãos seriam suficientes para contar os dias que passei contigo durante este verão. Mas eu sei que a culpa não é tua.
Aliás, agora quem está fora sou eu. Provavelmente, já estiveste em Genève. Para ti férias é sinónimo de viajar e ainda bem que assim é. O lago. Os barcos. O Jet d'Eau. As montanhas ao fundo. O verde da Natureza. Os prédios centenários. É isto a Suíça, é isto a minha cidade. Nada mais do que aquilo que a imagem do postal transmite. Sabes que para mim os lugares pouco importam, as pessoas é que são e fazem a vida. Mas conciliar pessoas e lugares talvez não seja má ideia, por isso um dia, quando as Caldas deixarem de ser o local da minha residência, vens cá comigo e desfrutarás da Suíça, (que é um dos países mais bonitos do mundo, eu é que estou revoltada por ter que vir habitá-la) enquanto eu aproveitarei para matar saudades da minha melhor amiga.
Por falar em saudades, o conforto familiar não substitui os momentos de amizade que eu e tu nos proporcionamos mutuamente. Só quero que saibas que a tua distância me entristece. Para mim, o hábito é pior que o vício. E a rotina que criei contigo no ano que passou tem que voltar a ser posta em prática rapidamente. Porque tenho mesmo saudades tuas.
Beijinho.
Je t'aime,
Tatiana
terça-feira, 24 de julho de 2007
Diogo

E pensar que a nossa história começou no hi5 e continuou no Green Hill, numa noite com álcool e droga à mistura, em que acabámos por não nos preocupar com mais nada senão com a procura do prazer físico? Esboça-se um sorriso na minha face, por ter pensado que serias apenas só mais um dos inúmeros rapazes que eu já usei para esquecer a dor que habita a minha alma através da satisfação do meu corpo que não sente. Mas não, tu tornaste-te em algo tão mais forte e grande que isso, que me sinto estúpida por alguma vez ter pensado que serias apenas mais um como os outros.
Se há amigos de verdade, tu és um deles e eu, apesar de nunca to demonstrar, estou muito grata por me proporcionares verdadeiros momentos de amizade e felicidade. Este verão, está a ser tão divertido contigo. Se não fosses tu, eu passava muito mais tempo só e não deveria passar tempo só, porque isso me faz pensar e quando penso, penso em coisas que me fazem mal. Quando estou contigo nunca penso, desfruto do momento porque é isso mesmo que me dá vontade, de me rir e divertir contigo.
Eu gosto mesmo de ti, Diogo.
E desculpa se não consigo demonstrar o que sinto, mas acho que demonstrei demais os meus sentimentos no passado e prefiro conter-me e controlá-los agora, para evitar grandes emoções, sejam elas positivas ou negativas. Mas não te esqueças, estás a proporcionar-me um dos melhores verões que já vivi.
E como eu gostava que pudesse ser verão o ano inteiro...
quinta-feira, 5 de julho de 2007
desejos paradoxais
Gostava de tudo e de nada, gostava de saber o que é o tudo e o nada, de experienciar tudo o que quero. Mas não sei o que quero, por isso mais vale não experienciar nada do que o que não quero.
E a vida passa-me ao lado.
terça-feira, 8 de maio de 2007
ela sente, escreve e lê
Ela escreve, sossegadamente.
Porque quando escreve, o que sente movimenta-se da alma para o papel e aquilo que nele escreve, lê-o posteriormente. E quando o lê, não sente, sabe apenas que o sentiu.
Chora então, por ter sentido.
As lágrimas pousam no papel, branco e fino. Absorvidas, dão textura às palavras que antes haviam sido sentidas. Sente saudade do que sentiu, mesmo que o sentimento lhe tenha apedrejado a mente, mesmo que a dor tenha sido tão intensa que, por momentos a sua alma se tenha quebrado, mesmo que um dia a raiva a tenha invadido de forma a que o simples gesto de falar se assemelhasse a um grito ensurdecedor proveniente das entranhas do seu corpo.
Esqueceu-se de que tem corpo, de tão grande que lhe é a alma.
Ela sempre disse que não deixaria nunca que o amor a destruísse , porque o amor constrói-se tão cautelosa e lentamente. A desaparecer, seria progressivamente e não lhe acabaria com a vida num segundo.
Acabou-se-lhe a vida num segundo.
Porque para ela, o amor foi tudo. O amor é tudo. Ela não sabe viver sem amar, nem sabe amar sem escrever. Quando ama, escreve. E depois lê. E chora por ter amado, por ter amado tanto que se esqueceu que deveria ter deixado que a amassem também, que deveria ter dado liberdade a quem amou para escolher se queria ser amado tão fortemente.
Não deu liberdade a quem amou.
E agora que faz ela? Escreve o que sentiu e chora quando o lê. Porque não pode mais senti-lo, se o sentir de nada lhe servirá porque ninguém mais poderá senti-lo. E para ela o mais triste que pode existir, é ter tanto amor para dar e ninguém que dele se queira servir para ser feliz.
É triste também, que ela não seja feliz.
Rasga o papel, parte a caneta. Mas não pode rasgar sentimentos, nem partir o coração. Do que ela gostava, era de que a alma fosse física como o corpo, para se poder esquecer de que a tem.
sexta-feira, 4 de maio de 2007
in a manner of speaking
In a manner of speaking I don't understand, I love when silence becomes repriment, the way that I feel about you is beyond words.
Oh, give me the words. Give me the words, that tell me nothing.
Oh, give me the words. Give me the words, that tell me everything.
(...)
Nouvelle Vague
sábado, 31 de março de 2007
águas de março
Observo o mar.
Quebram com violência, as ondas. E as gaivotas, assustadas, esvoaçam para um outro pedaço de areia qualquer, buscando protecção. Sentem-se agora protegidas, mas eu não.
Observo o céu.
Os relâmpagos invadem-no e irradiam o meu campo de visão, deixando soar segundos depois o tremendo estrondo da trovoada. Um cão ladra, procurando deixar transparecer o seu medo. É escutado pelo dono, que o reconforta. Já não tem medo, mas eu sim.
Observo a praia.
Não vislumbro agora vivalma. Onde foram todos? Não sei. Toco com a mão na areia e acaricio os inúmeros grãos de areia da superfície. Macios, suaves, todos tão juntos. Se fossem gente, certamente seriam felizes. Eles nunca estão sós, mas eu sim.
Agora chove.
Não observo a chuva, sinto-a. As gotas caem-me no corpo e percorrem-no apressadamente como se quisessem, também elas, abandonar-me rapidamente. Talvez queiram, porque são como tu. Elas não sentem, mas eu sim.
A promessa de vida no meu coração? Foi-se.
Caminho, com a expectativa, de que em Abril volte. (A chuva de) Março fica para trás.
domingo, 18 de março de 2007
Droga
Olhei através da janela e pareceu-me ver a tua sombra desenhada na parede branca do prédio da frente. Os braços caídos ao longo da silhueta do teu corpo que tantas vezes fora meu, as pernas altas e fortes aguentando o tronco a que tantas vezes me abracei quando o medo de te perder me invadiu, agora era até a forma como o teu reflexo se movia, suavemente, através dos vidros das lojas do rés do chão. Eras tu, não tive dúvidas.
Mas, segundos depois de ter desviado o meu olhar para dentro, olhei outra vez pela janela. E já lá não estavas.
Subitamente, questionei-me se te terias ido embora tão rapidamente que nem me apercebi. Ou se os meus vícios começavam a resultar em deambulações por outros mundos que não o meu.
Olhei uma terceira vez e reparei. O prédio da frente não tinha paredes brancas, nem lojas no rés do chão.
segunda-feira, 5 de março de 2007
noa perle & marlboro
Se te chegasses a mim agora, verias como o meu cheiro mudou. O detergente certamente não será o mesmo, o perfume também não. E com estes dois, funde-se o cheiro a tabaco que me acompanha constantemente no dia-a-dia. Mas só tu me vias, tocavas e observavas nua. E despida de tudo o resto, o meu cheiro é nada mais que isso, o meu cheiro.
O mesmo cheiro que se misturava com o do teu corpo, quando fazíamos amor. Nada que se pareça com o odor a tabaco nem a Noa Perle, que todos sentem quando me cumprimentam, por cima de toda esta vestimenta que trago e que esconde um corpo, que porta um coração que tanto por ti sofre.
sexta-feira, 16 de fevereiro de 2007
Que se sente
Que não se limitam a ser
Escritas
(Nem ditas).
Invadidas pela
Necessidade de serem
Sentidas,
Provocam em nós
O desassossego
Da mente
(E da alma).
Perfuram-nos
O coração,
Que se habitua
A mantê-las
Dentro de si.
Não demonstro,
Que sofro
(E se sofro!)
De um mal
Que pode ser
Uma palavra.
Que se escreve,
Que se diz
(E se sente),
Saudade.
quarta-feira, 7 de fevereiro de 2007
riders on the storm
Verão 1993
Era noite, a escuridão adensava-se à volta da estrada, iluminada pelos faróis do carro, que era um Toyota, não me lembro de que cor. Sei que agora, ela tem um Audi preto. E que na altura, eu era metade do seu tudo e que agora, a ser algo, serei apenas a recordação do que fui.
O velocímetro apontava para os 140km/h, ela gostava de conduzir depressa e a destreza com que o fazia era notável. Pelo menos, para mim.
Sentada descontraidamente, como se não estivesse a conduzir, fumava um cigarro, cujas cinzas atirava pela janela semi-aberta. Chovia. Era uma daquelas trovoadas de verão, de que eu tanto medo tinha quando estava em casa no meu quarto e o meu irmão contava histórias para me assustar. Mas o meu irmão não estava ali. Era só ela, eu e a outra metade do seu tudo, que ia sentada no lugar do morto, como o chamam.
Perguntei se faltava muito para chegarmos ao hotel. Ela sossegou-me com um não misturado com um sorriso. Ela levava-me sempre de férias, quer fosse para a montanha ou para a praia. Naquela altura, eu gostava mais dela do que de qualquer outra pessoa no mundo e sentia ciúmes da que ia no lugar do morto, porque dormiam juntas. Algo me perturbava, porque eu não era invadida pelos mesmos sentimentos, quando o meu irmão dormia com a minha mãe. Era só com ela.
Estes pensamentos atribulavam-me a mente enquanto o Toyota avançava por entre campos verdes, por debaixo do dilúvio que caía. Comecei a avistar luzes, casas e mar lá ao fundo.
"On arrive", murmurou ela docemente para mim, em tom baixo, para não acordar a que ia no lugar do morto. Elas amavam-se e eu era como que o prolongamento do seu amor, a criança que desejariam ter mas não poderiam nunca conceber.
Lausanne, 2007
Já não se amam. A que costumava ir no lugar do morto, morreu. Eu desapareci das suas vidas antes disso. E ela é feliz, sem mim, sem a que ia no lugar do morto.
Não deve, certamente, saber que posso não ter permanecido para sempre como o prolongamento do amor que sentia pela outra, mas que sou um prolongamento dela.
Também fumo, conduzo depressa e trazia alguém no lugar do morto, que já morreu.
domingo, 28 de janeiro de 2007
(Já) não sei sentir-me assim.
Neste momento sinto-me capaz de subir a árvore mais alta do parque e gritar que és tudo. Mais do que isso, sinto-me confiante para saltar do seu topo e desfrutar da sensação de liberdade da contínua queda do meu corpo. Porque tu estás lá em baixo para me segurares quando eu chegar ao chão. Para me dares a mão e prosseguirmos a noite lado a lado, sentindo o vento arrefecer as nossas faces enquanto os nossos corações quase se derretem de tanto calor exalarem. E deixo-me levar suavemente por ti, caminho ao ritmo do teu andamento enquanto apertas a minha mão contra a tua. Os meus dedos cruzam-se com os teus, e é como se neste momento, o mundo todo se concentrasse aqui, neste ínfimo espaço, que se encontra entre a minha mão e a tua.
Neste momento.
Apenas neste momento me apetece rir. Mas apetece-me rir como se fosse o último dia em que um ser humano tivesse tal oportunidade. Rio-me perante o teu sorriso. Rio-me por sentir os teus dedos se juntarem mais aos meus, rio-me por o espaço onde todo o mundo se concentra, aquele entre a minha mão e a tua, se estreitar cada vez mais. Não, agora o mundo não nos escapará mais. E rio-me porque me parece ouvir a tua voz dizer algo junto ao meu ouvido, que não compreendo imediatamente. Sabes porquê? Porque neste momento acabaste de proferir o verbo amar. A forma como tu usas o verbo amar é diferente. Porque me faz sentir a pessoa mais viva do mundo.
E é por isso que neste momento me sinto viva como nunca pensei vir a sentir-me. Pela primeira vez percebo, entendo, compreendo o conceito da palavra vida. Todos os significados que podem nascer a partir do tal conceito que agora domino completamente. Neste momento sei perfeitamente que serei eterna. Nós seremos eternas. Não mais acreditarei em efemeridades da vida. Nem tu. Porque sabes que me pertences e eu te pertenço. E será sempre assim. Sempre. Mesmo que um dia tudo acabe, o nosso mundo, que se encontra algures entre a minha mão e a tua, na infimidade de um espaço criado apenas e somente por nós, irá perdurar.
Neste momento realizas o meu âmago, a parte mais profunda do meu ser. E só me apetece mergulhar contigo num mar de ideias, sonhos e sentimentos. Enumerar contigo toda uma complexidade de objectivos que em conjunto iremos atingir. És objecto da minha afeição, és motivo da minha felicidade, da minha plenitude. Neste momento, és tudo.
quarta-feira, 25 de outubro de 2006
Simplicidade vs. Complexidade
Poderia limitar-me a dizer que custa, que dói, que corrói, que magoa, que destrói. De cada vez que te olho nos olhos e tu desvias os teus, como se tivesses presente a ideia de que te quero afectar, afligir, incomodar.
Mas não. Não só custa, dói, corrói, magoa e destrói, como também não te quero afectar, afligir nem incomodar.
Mata.
E tudo o que eu quero quando te olho nos olhos, é tentar perceber o porquê dessa tua indiferença, dessa tua atitude que não é a mesma que um dia antes foi, dessa tua ausência da lembrança de momentos intensos e inesquecíveis vividos anteriormente (numa outra vida, talvez).
E pensar que tudo aconteceu antes do sonho. Primeiro sonha-se, depois deseja-se que o sonho se torne realidade. Comigo não. Tive, senti, vivi a realidade. Agora sonho.
Tudo, porque o caminho mais fácil foi o que decidiste seguir.
Sabes, é a simplicidade dos sentidos dos nossos corpos. Porém, é também a complexidade da vaidade das nossas mentes.
terça-feira, 19 de setembro de 2006
le vent nous portera
Já não sei onde moras, nem quem és. Nem tampouco sei se algum dia voltarás a querer encontrar-me e saber quem eu sou. Se me concedesses cinco minutos do teu tempo, não me atreveria a dizer que te amo. Abraçar-me-ia a ti, porque ao serem recordados, os gestos magoam tão menos que as palavras. Magoa tanto dizer que te amo sem obter resposta, mas não magoaria nada um abraço só nosso nestes tempos impetuosos de vacuidade que, pouco a pouco, me destroem.
Acredito piamente que um dia a força da maré nos juntará, que o vento nos colocará de novo lado a lado e deixará para trás tudo o que de mau fomos, tudo o que de perfeito não conseguimos alcançar, todo o prejudício que nos proporcionámos mutuamente, primeiro eu e depois tu, tão prolongadamente. Tudo isso será reduzido a cinzas e a verdadeira chama do amor ficará, de novo, bem acesa entre nós.
Des poussires de toi
Le vent les portera.
Tout disparatra mais,
Le vent nous portera.
Noir Desir & Manu Chao