Observo o mar.
Quebram com violência, as ondas. E as gaivotas, assustadas, esvoaçam para um outro pedaço de areia qualquer, buscando protecção. Sentem-se agora protegidas, mas eu não.
Observo o céu.
Os relâmpagos invadem-no e irradiam o meu campo de visão, deixando soar segundos depois o tremendo estrondo da trovoada. Um cão ladra, procurando deixar transparecer o seu medo. É escutado pelo dono, que o reconforta. Já não tem medo, mas eu sim.
Observo a praia.
Não vislumbro agora vivalma. Onde foram todos? Não sei. Toco com a mão na areia e acaricio os inúmeros grãos de areia da superfície. Macios, suaves, todos tão juntos. Se fossem gente, certamente seriam felizes. Eles nunca estão sós, mas eu sim.
Agora chove.
Não observo a chuva, sinto-a. As gotas caem-me no corpo e percorrem-no apressadamente como se quisessem, também elas, abandonar-me rapidamente. Talvez queiram, porque são como tu. Elas não sentem, mas eu sim.
A promessa de vida no meu coração? Foi-se.
Caminho, com a expectativa, de que em Abril volte. (A chuva de) Março fica para trás.