terça-feira, 19 de setembro de 2006

le vent nous portera

Poderão existir obstáculos aparentemente incontornáveis no meu percurso, mas eu tratarei de encontrar forma de ladeá-los. Poderá cair abundantemente a chuva, poderá o sol queimar a minha face e perturbar-me os olhos, poderá a estrada rapidamente transformar-se em terreno movediço. Eu seguirei o meu caminho até ti.
Já não sei onde moras, nem quem és. Nem tampouco sei se algum dia voltarás a querer encontrar-me e saber quem eu sou. Se me concedesses cinco minutos do teu tempo, não me atreveria a dizer que te amo. Abraçar-me-ia a ti, porque ao serem recordados, os gestos magoam tão menos que as palavras. Magoa tanto dizer que te amo sem obter resposta, mas não magoaria nada um abraço só nosso nestes tempos impetuosos de vacuidade que, pouco a pouco, me destroem.
Acredito piamente que um dia a força da maré nos juntará, que o vento nos colocará de novo lado a lado e deixará para trás tudo o que de mau fomos, tudo o que de perfeito não conseguimos alcançar, todo o prejudício que nos proporcionámos mutuamente, primeiro eu e depois tu, tão prolongadamente. Tudo isso será reduzido a cinzas e a verdadeira chama do amor ficará, de novo, bem acesa entre nós.


Des poussires de toi
Le vent les portera.
Tout disparatra mais,
Le vent nous portera.

Noir Desir & Manu Chao