domingo, 18 de março de 2007

Droga


Olhei através da janela e pareceu-me ver a tua sombra desenhada na parede branca do prédio da frente. Os braços caídos ao longo da silhueta do teu corpo que tantas vezes fora meu, as pernas altas e fortes aguentando o tronco a que tantas vezes me abracei quando o medo de te perder me invadiu, agora era até a forma como o teu reflexo se movia, suavemente, através dos vidros das lojas do rés do chão. Eras tu, não tive dúvidas.


Mas, segundos depois de ter desviado o meu olhar para dentro, olhei outra vez pela janela. E já lá não estavas.
Subitamente, questionei-me se te terias ido embora tão rapidamente que nem me apercebi. Ou se os meus vícios começavam a resultar em deambulações por outros mundos que não o meu.



Olhei uma terceira vez e reparei. O prédio da frente não tinha paredes brancas, nem lojas no rés do chão.