quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Batem as portas

Esta noite ergueu-se diante de mim um palco. Fui estrela de uma peça sem nome, para uma plateia sem gente. Nem diálogos, nem monólogos: lágrimas, só.
Apesar de não ter nome, teve tempo esta peça. Foram horas em que a dor falou, num choro silencioso que nem o chão, molhado de lágrimas, escutou. Agora que chega ao fim a peça, deveria cessar o choro. Deveria cessar a dor. Deveriam cessar as horas.
Mas todos continuam o seu caminho e eu, de entre tais candidatos, não me permitirei sair vencida, nesta luta que é a vida. Prossigo na noite que nada tem para me oferecer se não silêncio.
E no entanto, "batem as portas em tons de suicídio como se fossem um corpo a cair do nono andar".

Amanhã saberei que foi apenas mais uma noite em que morri.