Perdoa-me meu amor, preciso tanto do teu perdão para voltar a ser feliz.
Perdoa-me, perdoa-me. A tua indiferença é morte para mim.
Perdoa-me mãe, sinto tanto a tua falta.
Perdoa-me pai, por não me conheceres.
Perdoa-me mano, por nunca te ter percebido nem tentado ajudar.
Perdoa-me família, por já não teres qualquer importância na minha vida.
Perdoem-me os meus amigos, por não conseguir apoiá-los.
Perdoem-me todas as pessoas de quem me afastei, a solidão às vezes aconchega.
Perdoem-me todas as pessoas a quem fiz mal, nunca foi minha intenção.
Perdoa-me Deus, por não crer na tua existência.
Perdoa-me droga, por te dar tanto uso.
Perdoa-me escola, por não querer saber de ti.
Perdoa-me casa, por te ter transformado em algo que talvez preferisses não ser.
Perdoa-me tecto, por me perder tantas vezes a olhar para a ti.
Perdoem-me os lençóis e a almofada, por absorverem tantas das minhas lágrimas.
Perdoa-me mundo, por não me mover em tua função.
Perdoa-me sociedade, por empacotar as tuas regras e enviá-las para bem longe, nós não coexistimos.
Perdoa-me pássaro que voas lá fora, não tenho asas como tu.
Perdoa-me arco-íris, aqui já só mora o preto.
Perdoa-me solidão, por passar tanto tempo contigo.
Perdoa-me corpo, andar custa mas tem que ser.
Perdoa-me minha alma, deixaram-te tão vazia.
Perdoa-me vida, por estar a desistir de ti.
Não sei mais o que fazer.
Dizem que só o perdão nos pode salvar. No meu caso são tantos perdões que prefiro não acreditar que algum dia algo ou alguém me salve. Eu perdoo-vos a todos, mesmo que não vos consiga salvar de nada.
domingo, 25 de maio de 2008
terça-feira, 20 de maio de 2008
i'm yours, forever.
Meu amor, gostava de estar ao pé de ti e conseguir dizer-te o quanto as tuas palavras me tocam, mas escrever é bem mais fácil. Em menos de uma semana deste-me aquela carta, que eu reli várias vezes em Amesterdão quando me senti sozinha e agora mais uma surpresa no teu blog.
Quero esquecer o tic-tac e pensar apenas que vamos aproveitar bem o pouco tempo que nos resta. Há dias em que acho que já nada me prende aqui e que não será assim tão mau partir. Mas depois, de cada vez que olho para ti, só me apetece ficar e partilhar contigo tudo, tudo, tudo. Tudo o que está para vir.
Não me condenes por me deixar consumir por coisas que me fazem mal.
Eu quero que saibas que se não te tivesse tido nestes últimos dois anos,
Talvez tivessem sido dois anos sem histórias minhas para contar.
Os meus segredos, acabariam por me matar,
Se não pudesse partilhar muitos deles contigo.
Sei que um dia,
Hei-de gritar-te os que faltam, um por um,
Sem medo.
Porque sei que me vou poder agarrar a ti e que entenderás tudo.
Tu és, meu amor,
Quem me faz acreditar que até no mundo mais triste há sempre alguém para nos salvar.
Afirmo, com toda a sinceridade
Que te amo e juro, juro por tudo, que nunca me fizeste mal.
Gosto da forma como me consomes
E conferes algum sentido à minha existência,
Tornando-a menos insuportável.
A mim basta-me um sorriso teu, S.
Há dias em que coisa alguma, para além dessa, me devolve o meu.
Quero esquecer o tic-tac e pensar apenas que vamos aproveitar bem o pouco tempo que nos resta. Há dias em que acho que já nada me prende aqui e que não será assim tão mau partir. Mas depois, de cada vez que olho para ti, só me apetece ficar e partilhar contigo tudo, tudo, tudo. Tudo o que está para vir.
Não me condenes por me deixar consumir por coisas que me fazem mal.
Eu quero que saibas que se não te tivesse tido nestes últimos dois anos,
Talvez tivessem sido dois anos sem histórias minhas para contar.
Os meus segredos, acabariam por me matar,
Se não pudesse partilhar muitos deles contigo.
Sei que um dia,
Hei-de gritar-te os que faltam, um por um,
Sem medo.
Porque sei que me vou poder agarrar a ti e que entenderás tudo.
Tu és, meu amor,
Quem me faz acreditar que até no mundo mais triste há sempre alguém para nos salvar.
Afirmo, com toda a sinceridade
Que te amo e juro, juro por tudo, que nunca me fizeste mal.
Gosto da forma como me consomes
E conferes algum sentido à minha existência,
Tornando-a menos insuportável.
A mim basta-me um sorriso teu, S.
Há dias em que coisa alguma, para além dessa, me devolve o meu.
domingo, 18 de maio de 2008
thai
Amesterdão,
15 Maio 2008
O que se passa? O que é isto?
Shiu. Não podemos falar alto. Acabámos de entrar num mundo mágico, onde a qualquer momento pode surgir um ruído que os teus ouvidos vão achar apaixonante. Não fales, não te mexas muito. Abre a mente. Sente. Sente.
Será que passaram horas? Minutos? Não sei precisar. Para mim pode ter sido há muito tempo ou pode ter acabado de acontecer, as duas perspectivas adaptam-se. Não me sinto. Não sei quem sou neste momento, nem o que estou a fazer cercada neste cubículo de quatro paredes, com pessoas que decidiram entrar neste mundo novo comigo. Elas não estão comigo, mas eu observo-lhes atentamente os movimentos, na expectativa de tentar perceber o que estarão a sentir, se de certa forma, poderei partilhar com elas os meus pensamentos.
Mas afinal, no que estou eu a pensar? Ora é a pizza que tenho nas mãos, ora é o cigarro que está dentro do maço pousado na bancada da cozinha. O meu olhar salta do amigo que está lá fora enrolado num edredon para o amigo que está deitado na cama a contorcer-se. Será dor? Não, eu que em cada minuto da minha vida carrego uma dor insuportável, hoje, neste momento que não sei dizer onde se situa no tempo, consegui libertar-me dela. A dor não existe, tal como o tempo. O que é o tempo? Desde que abri esta porta e a fechei atrás de mim, todos os relógios desapareceram. Todos os momentos que se passam no mesmo instante se dividiram em vários e formaram sub-tempos. E nos sub-tempos ainda se formaram tempos imaginários e viagens no tempo. Não faz sentido falar em tempo. Já fui até à minha infância e sonhei com o meu futuro, pensei em pessoas que não estão e observei outras através da janela, espreitei o que se passava na sala enquanto trocava um olhar inocente com o amigo que está lá fora. Tudo agora. Cada momento prevalece, cada momento tem a sua continuidade e fica guardado comigo para entretanto voltar a ser evocado. Eu nem sei em que tempo hei-de escrever isto. O passado, o presente e o futuro só servem para nos baralhar, eu estou a viver o agora e este agora engloba os três e não engloba nenhum. É tudo tão surreal, mas tão verdadeiro. Eu olho para eles e vejo seres tão autênticos que gostava de saber o que lhes vai na mente. Será que também já perceberam que o tempo não existe? Estão fartos de se cruzar comigo e não dizem nada, começo a sentir-me sozinha. Tenho que me concentrar numa das muitas ideias que me vão na cabeça e deixá-los pensar nas suas. O sofá da sala está tão bonito, nunca vi cor tão bela na vida. Apetece-me ficar lá sentada para sempre e fundir-me naquele vermelho tão reluzente, sem pensar em tempo nem dor. Deixar-me ficar, livre de tudo o resto, de todos os ideais impostos por quem nunca me conheceu, da minha rotina desgastante e das pessoas que dela fazem parte, das minhas obrigações, da pessoa que sou diante dos outros no mundo real, de ti... Apetece-me gritar de tão livre que me sinto, mas não vou gritar. Não quero perder nenhum ruído bonito vindo lá de fora ou mesmo cá de dentro. Não sei descrevê-la, mas está constantemente uma música a tocar-me aos ouvidos e é tão agradável, tão relaxante, que me sinto flutuar. Não sei que sensação é esta, mas é como atingir um patamar acima na escala dos mundos surreais. Apetece-me ficar neste mundo para sempre, mas lembro-me agora de que afinal não fechei a porta atrás de mim. Só a deixei encostada e vou ter que voltar para o mundo onde as cores não têm piada, nem existem músicas de embalar. Onde os relógios ditam o que fazer e as pessoas não têm em volta da face uma auréola recheada deste encanto inocente.
Voltei a sentir-me criança. Cada pedaço deste mundo parece estar encantado, o meu olhar saltita de uma coisa para a outra porque tudo parece ser mágico. Toco nas coisas com cuidado para que nada se estrague e deixo-me enfeitiçar por elas. Quero conhecê-las todas, quero poder absorver tudo à minha volta e estou quase a consegui-lo. Sabes, não fazes falta por aqui hoje. Estou livre, até de ti. É tão bom não sentir o sangue correr nas veias nem o coração bater e saber-se que se está em ebulição no âmago. Sinto pequenas explosões darem lugar no meu interior mas a superfície deste vulcão, constitui um corpo que enfim descansa das máscaras que há tanto tempo suportava. Nudez que aconchega, esta. Estou livre, tão livre. Até das máscaras, estou despida de tudo aquilo que de mau foi incutido em mim.
Abri a mente e senti, finalmente, o que é libertar-me de tudo. Posso dormir, agora. Está na hora de transformar as utopias do meu consciente no brinquedo desta noite para o inconsciente.
15 Maio 2008
O que se passa? O que é isto?
Shiu. Não podemos falar alto. Acabámos de entrar num mundo mágico, onde a qualquer momento pode surgir um ruído que os teus ouvidos vão achar apaixonante. Não fales, não te mexas muito. Abre a mente. Sente. Sente.
Será que passaram horas? Minutos? Não sei precisar. Para mim pode ter sido há muito tempo ou pode ter acabado de acontecer, as duas perspectivas adaptam-se. Não me sinto. Não sei quem sou neste momento, nem o que estou a fazer cercada neste cubículo de quatro paredes, com pessoas que decidiram entrar neste mundo novo comigo. Elas não estão comigo, mas eu observo-lhes atentamente os movimentos, na expectativa de tentar perceber o que estarão a sentir, se de certa forma, poderei partilhar com elas os meus pensamentos.
Mas afinal, no que estou eu a pensar? Ora é a pizza que tenho nas mãos, ora é o cigarro que está dentro do maço pousado na bancada da cozinha. O meu olhar salta do amigo que está lá fora enrolado num edredon para o amigo que está deitado na cama a contorcer-se. Será dor? Não, eu que em cada minuto da minha vida carrego uma dor insuportável, hoje, neste momento que não sei dizer onde se situa no tempo, consegui libertar-me dela. A dor não existe, tal como o tempo. O que é o tempo? Desde que abri esta porta e a fechei atrás de mim, todos os relógios desapareceram. Todos os momentos que se passam no mesmo instante se dividiram em vários e formaram sub-tempos. E nos sub-tempos ainda se formaram tempos imaginários e viagens no tempo. Não faz sentido falar em tempo. Já fui até à minha infância e sonhei com o meu futuro, pensei em pessoas que não estão e observei outras através da janela, espreitei o que se passava na sala enquanto trocava um olhar inocente com o amigo que está lá fora. Tudo agora. Cada momento prevalece, cada momento tem a sua continuidade e fica guardado comigo para entretanto voltar a ser evocado. Eu nem sei em que tempo hei-de escrever isto. O passado, o presente e o futuro só servem para nos baralhar, eu estou a viver o agora e este agora engloba os três e não engloba nenhum. É tudo tão surreal, mas tão verdadeiro. Eu olho para eles e vejo seres tão autênticos que gostava de saber o que lhes vai na mente. Será que também já perceberam que o tempo não existe? Estão fartos de se cruzar comigo e não dizem nada, começo a sentir-me sozinha. Tenho que me concentrar numa das muitas ideias que me vão na cabeça e deixá-los pensar nas suas. O sofá da sala está tão bonito, nunca vi cor tão bela na vida. Apetece-me ficar lá sentada para sempre e fundir-me naquele vermelho tão reluzente, sem pensar em tempo nem dor. Deixar-me ficar, livre de tudo o resto, de todos os ideais impostos por quem nunca me conheceu, da minha rotina desgastante e das pessoas que dela fazem parte, das minhas obrigações, da pessoa que sou diante dos outros no mundo real, de ti... Apetece-me gritar de tão livre que me sinto, mas não vou gritar. Não quero perder nenhum ruído bonito vindo lá de fora ou mesmo cá de dentro. Não sei descrevê-la, mas está constantemente uma música a tocar-me aos ouvidos e é tão agradável, tão relaxante, que me sinto flutuar. Não sei que sensação é esta, mas é como atingir um patamar acima na escala dos mundos surreais. Apetece-me ficar neste mundo para sempre, mas lembro-me agora de que afinal não fechei a porta atrás de mim. Só a deixei encostada e vou ter que voltar para o mundo onde as cores não têm piada, nem existem músicas de embalar. Onde os relógios ditam o que fazer e as pessoas não têm em volta da face uma auréola recheada deste encanto inocente.
Voltei a sentir-me criança. Cada pedaço deste mundo parece estar encantado, o meu olhar saltita de uma coisa para a outra porque tudo parece ser mágico. Toco nas coisas com cuidado para que nada se estrague e deixo-me enfeitiçar por elas. Quero conhecê-las todas, quero poder absorver tudo à minha volta e estou quase a consegui-lo. Sabes, não fazes falta por aqui hoje. Estou livre, até de ti. É tão bom não sentir o sangue correr nas veias nem o coração bater e saber-se que se está em ebulição no âmago. Sinto pequenas explosões darem lugar no meu interior mas a superfície deste vulcão, constitui um corpo que enfim descansa das máscaras que há tanto tempo suportava. Nudez que aconchega, esta. Estou livre, tão livre. Até das máscaras, estou despida de tudo aquilo que de mau foi incutido em mim.
Abri a mente e senti, finalmente, o que é libertar-me de tudo. Posso dormir, agora. Está na hora de transformar as utopias do meu consciente no brinquedo desta noite para o inconsciente.
segunda-feira, 5 de maio de 2008
3, 2, 1...
Três. Três meses para me ir embora, inicia-se a contagem decrescente.
Há duas semanas que não choro a tua ausência de dois anos, nem te mando nenhuma mensagem cuja resposta nunca obterei. E há precisamente sete dias estava em casa, em família. Hoje é Domingo e há umas horas estava sentada no último banco de um autocarro velho a pensar sobre a vida. Olha, amanhã por volta das 10h30 vou dançar valsa. Dentro de cinco dias serei maior de idade! Tenho precisamente um mês e meio para estudar matemática e tirar positiva no exame. A última vez que me apercebi de como é passar três dias sem droga já foi há mais de seis meses. Se tudo correr bem, no Verão terei a carta. Há quanto tempo não estás comigo? Exactamente 300 dias, mas ainda na Sexta te vi. Desde Agosto que não vejo a Anne, e a Véro morreu um mês antes. Há onze meses atrás ainda não vivia sozinha, há dois anos ainda tinha uma mãe que me acordava todas as manhãs e há treze um pai que via ao fim-de-semana.
São 15h27 de um Domingo sem sol. Onde estava eu a esta hora num Domingo de há dez anos? Casa dos avós provavelmente, a família toda reunida à excepção do pai. E há três anos? Contigo, na tua cama, talvez.
E hoje? Hoje será a mesma rotina de há meses: fumar, fumar, fumar, até não ter mais consciência de quem sou ou do que estou a fazer.
É isto que me vai na cabeça.
Quem é que se lembrou de inventar a merda do tempo e das datas e de tudo o que pressuponha uma contagem que nos conduz à demência de tanto pensarmos nela? É inevitável, parece que existe um registador automático dentro de mim, que de vez em quando soa um alarme para eu ir rever o que aconteceu na puta do dia em que troquei a família por ti ou no dia em que me trocaste por não sei bem o quê e eu substituí tudo e todos por um mundo que em vez de pessoas, tem substâncias químicas a tentarem ajudar.
Há duas semanas que não choro a tua ausência de dois anos, nem te mando nenhuma mensagem cuja resposta nunca obterei. E há precisamente sete dias estava em casa, em família. Hoje é Domingo e há umas horas estava sentada no último banco de um autocarro velho a pensar sobre a vida. Olha, amanhã por volta das 10h30 vou dançar valsa. Dentro de cinco dias serei maior de idade! Tenho precisamente um mês e meio para estudar matemática e tirar positiva no exame. A última vez que me apercebi de como é passar três dias sem droga já foi há mais de seis meses. Se tudo correr bem, no Verão terei a carta. Há quanto tempo não estás comigo? Exactamente 300 dias, mas ainda na Sexta te vi. Desde Agosto que não vejo a Anne, e a Véro morreu um mês antes. Há onze meses atrás ainda não vivia sozinha, há dois anos ainda tinha uma mãe que me acordava todas as manhãs e há treze um pai que via ao fim-de-semana.
São 15h27 de um Domingo sem sol. Onde estava eu a esta hora num Domingo de há dez anos? Casa dos avós provavelmente, a família toda reunida à excepção do pai. E há três anos? Contigo, na tua cama, talvez.
E hoje? Hoje será a mesma rotina de há meses: fumar, fumar, fumar, até não ter mais consciência de quem sou ou do que estou a fazer.
É isto que me vai na cabeça.
Quem é que se lembrou de inventar a merda do tempo e das datas e de tudo o que pressuponha uma contagem que nos conduz à demência de tanto pensarmos nela? É inevitável, parece que existe um registador automático dentro de mim, que de vez em quando soa um alarme para eu ir rever o que aconteceu na puta do dia em que troquei a família por ti ou no dia em que me trocaste por não sei bem o quê e eu substituí tudo e todos por um mundo que em vez de pessoas, tem substâncias químicas a tentarem ajudar.
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