sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

obsequium parit amicos, veritas parit odium

Deixei de me olhar ao espelho. Irrita-me que ele só me mostre, mas não me explique. Gostava que na parte inferior da minha imagem, aparecessem umas legendas de vez em quando. Sentimentos, pensamentos, recalcamentos, tudo deveria estar escrito para que não fosse preciso penetrar mais na minha cabeça para descobrir o que se passa afinal. É que se eu soubesse, jamais partilharia incertezas, falsidades. Aliás, nunca fui muito de partilhar essas coisas, sempre fui mais de não partilhar nada, mas no fundo não partilhar também provoca o incerto, acaba por ser falso. Como é que uma coisa que não o é, pode ser algo? De nada me serve a tolerância, de nada me serve a compaixão, de nada me serve a bondade. Elas deixam de existir, a partir do momento em que eu não sei ser.
Verdade, verdade, porque foges de mim? Serei eu que receio encontrar-te? Eu achava que de ti não tinha medo, só da realidade. Afinal quem sou eu? Afinal o que são os outros? O que somos nós?
Por agora, vazio.