Poderás dizer que já não, mas eu direi sempre que sim. Não me importa o que sentes por mim, porque eu sei o que sentiste. Ensinaste-me o amor, ensinaste-me a dor e eu já não sei usar o primeiro sentimento para controlar o segundo. Mas, só porque não estás. Porque resolveste partir, sem dizer adeus, sem me avisares da tempestade que viria e me deixaria completamente desabrigada, sem a parte de mim que decidiste tirar e levar contigo (para sempre?). Afundei-me num mar repleto de seres desconhecidos (e imaginários) que são o meu próprio ser. Tornei-me em mil pessoas numa só, tudo porque o que eu mais queria era ser de novo a pessoa que tu amaste. E já não me lembro de como era ela, recordo apenas que era alguém feliz. Alguém com um característico sorriso de criança, um olhar tão absorvido em ti, que o mundo, a teu lado, era insignificante. Praticamente inexistente.
Poderás até mencionar as razões que te levaram a deixar-me neste abandono sem fim e farás parecer com que a culpa seja totalmente minha. Não sei se foi, mas as tuas razões não serão nunca suficientes para eu deixar de sentir o que sinto por ti. Apraz-me saber que não morrerei por inteiro sozinha. Levarei comigo aquilo que também decidi roubar-te: o teu amor por mim.