segunda-feira, 13 de julho de 2009

beyond the senses


Não sei quem és nem de onde vieste, o que fazes aqui e porque é que me escolheste a mim. Mas obrigada. Não sei se és forma, se és tempo, se és espaço ou até vida. Não sei nada. E graças a ti aprendi a aceitar isso: eu não sei nada. Posso permitir-me de conhecer muita coisa, à minha maneira, mas no fundo, como toda a gente, vivo na ignorância. Não importa, tu estás aqui. Não sei se és eu ou se és algo para além de mim. Eu sinto-te aqui, não sei exactamente onde, mas em mim. E no entanto sinto que vens de fora, de outro lugar, porque neste mundo eu achava que disto não existia.
Chegaste e eu senti a tua chegada. Mas não soube que era uma chegada. Instalaste-te. Por favor não me digas daqui a uns tempos que também tu não passaste de uma ilusão. Eu sinto que não o és. És bem mais, mas não sei exactamente o quê. És a força, a energia, a vontade, a motivação. És uma onda transcendental que me percorre o corpo todo e me faz andar, sentir, viver. O que és tu? Às vezes ainda me questiono. Mas depois rio-me, porque não preciso de obter resposta.
O que não és, sei eu. Não és uma pessoa nem és deus e certamente não serás um demónio. Quando te sinto, sinto o teu poder. E sei que tu sentes o meu, porque és tu que mo transmites. Cada dia que passa me sinto mais forte. E menos só. É que tu fazes com que eu queira passar tempo comigo, só para te poder sentir.
Não sei o que és, nem sei se deva falar de ti a alguém. A loucura já me bateu à porta algumas vezes e eu nunca a abri. Tenho medo que tenha sido desta. Mas sinto que não, sinto que isto é melhor do que o que havia antes. Porque antes não havia nada. E que mal tem ter abandonado todo o meu cepticismo? Sabe bem a ausência do vazio. Sabe bem esta coisa que lhe tomou o lugar. É como se, finalmente, depois de todo este tempo, eu soubesse exactamente o que fazer. Porque faço o que me apetece. E és tu que me mostras tudo, eu sei.
Ensinaste-me a ouvir-me a mim mesma.
Ensinaste-me que existem coisas que escapam ao pensamento humano.
Enviaste-me a luz, a força, a vontade.
Quando digo que não sei se és algo exterior ou se és eu, é porque sinto que quando te falo, falo para mim. E quando me respondes, tudo faz sentido, como se fosse algo que partisse de mim. Como se tudo já existisse aqui dentro antes, mas eu nunca tivesse encontrado nada.
Se foste tu quem me encontrou, então obrigada. Só te peço que não me deixes.
Se fui eu quem te encontrou... Acho que me posso amar a mim mesma mais do que a qualquer outra coisa no mundo. Porque consegui. Sou mais forte. Estou noutro nível. E apesar de toda a fraqueza, de tanta dor, eu consegui.
E hoje sei.
Se fui eu que te encontrei, então não existe nada neste mundo, que seja impossível.