domingo, 28 de fevereiro de 2010
consciente utópico
Oh desalmados inconscientes! Erguei-vos perante a vida
Uma vez só que mais não serão precisas para que percebeis.
Para que sintais e vivais essa beleza com gratitude e amor
Por aquilo que vos é mas que insistis sempre em deitar fora,
Iludidos por uma eternidade que nunca poderá ser comprada
Porque correis vós do tempo e vos escondeis do que é puro?
Porque sois vós tantos submissos e tão poucos os outros,
Os outros que procuram entender e amar esse mundo tão belo
E que não passam por ele destruindo todo o bem que nele cresce?
Que importa poucos, se em nós a energia e em vós a morte
Assombrando-vos a cada instante distraindo-vos da vida.
Oh desalmados inconscientes! Porque razão não entendeis?
Mas que desgosto, que tristeza que é essa de sentir por vezes
O vosso mal chegar e apoderar-se ferozmente de mim, de nós.
E o receio, oh o pavor! De que a mudança não chegue,
Obrigando-nos a sermos como vós, pobres e tristes desalmados
Mas nunca incoscientes pois habitados por essa luz do saber
E do querer saber ainda mais, pois se queremos ser algo melhor.
Ai, vontade que és um sonho bem nítido no seio desta realidade
Desta realidade desfocada, constante importúnio da loucura.
E a espera injusta já tão longa que nos cansa e nos distancia
Dessa paz e nobreza de espírito que é virtude bem merecida,
Que será aurora precedente a um amanhecer que está para vir
Mas que de estar para vir nos impede de desfrutar e abraçar
O encanto único e a serenidade sumptuosa do momento presente.
Oh desalmados inconscientes! Ainda que não o façais por vós
Deixai de lado o egoísmo e a cegueira por um instante apenas
E contemplai aquilo que vos é oferecido de forma tão intensa
Até que o perdão reine sobre vós e não mais sintais remorso
Pelas barbaridades cometidas durante os séculos da ascensão
A um poder que não vos pertence e do qual vos apoderastes.
Ainda que não o façais por vós, pensai nas obras que construís!
Quereis vós trazer ao mundo mais desalmados inconscientes?
Mas de que lugar da terra poderá ter surgido tamanha maldade?
Por que motivo ignorais tudo o que vos rodeia e vos concentrais
Na busca tremenda e inútil de uma felicidade que não existe?
Por que tomais as vossas palavras e actos como tudo o que é
E pior ainda, transformais isso em crueldade criando tanta dor?
Oh desalmados inconscientes! Que desconheceis esta dor terrível
Pois que todos os dias vos passeais por aqui de olhos fechados.
Não vos importais comigo, por enquanto desalmada mas consciente
Que em cada hora de solidão alimento o meu consciente utópico,
Mar perigoso de fantasias que poderia invadir esta terra um dia
Se os poucos fossem muitos e os muitos fossem conscientes.
Lutai pela liberdade como se o mundo estivesse para desaparecer
E em breve não mais tivesseis a oportunidade de experienciar.
Lutai pela liberdade porque hoje somos homo sapiens censurados
E à nossa volta a natureza livre morre a cada segundo que passa.
Lutai pela liberdade e amai de uma vez por todas, amai-vos a vós
Amai tudo o que é, o visível e o invisível, e amai o que ainda não é
Mas que o poderá ser tão facilmente, se unidos caminharmos em paz.
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