segunda-feira, 25 de maio de 2009

a idade dos porquês é agora


Aiiiiiiiiiiiiiiiii.
Não consigo entender, que coisa é esta?
Porque é que viver é isto?
este nada com desgraça à mistura
almas vazias, vazias e sós.
porque é que enfeitaram tudo?
para que são as àrvores, as flores,
o mar, o céu azul, as estrelas?
Afinal desde sempre nos tentaram incutir a ideia de que a vida é bela.
Balelas.
Para já não sabemos o que é o belo.
O que é o belo?
As aulas de filosofia nunca responderam.
Ou então usaram a mesma resposta de sempre: é subjectivo.
Tudo é subjectivo,
Ou não fôssemos nós, almas vazias, vazias e sós,
Perdidas na subjectividade de uma individualidade
Pela qual lutamos diariamente sem nos apercebermos de que foi conquistada à nascença.
Porque nascemos?
O que estamos aqui a fazer?
Também não sabemos.
Alguém me explique então, qual foi a ideia de juntar num planeta tantas almas vazias e sós.
Juntas mas sós.
A solidão na esfera da união.
O que é a solidão?
É isto?
Mas o que é isto?
Sou eu?
Ser?

(o que é?)

Não consigo entender. Será que parar de questionar ajuda a entender alguma coisa? Ou será que toda a gente decidiu viver na ignorância? Serei eu a ignorante?
Acho que já vivi muita coisa e no entanto não me sinto viva. Terei vivido demais? Esgotou-se-me a vida e eu nem reparei? Não, surreal. Mas afinal o que é real? A dor. A dor é sempre real. Os motivos da dor, podem ser todos psicológicos. Mas a dor em si é real. Primeiro o choro, depois a revolta, a inércia, finalmente o isolamento, talvez a loucura. O ciclo vicioso da dor. E o tempo passa. E a dor instala-se, não está só de passagem. Demora-se em cada fase. Quanto tempo? Porque é que nunca sabemos quando é que vamos ter coragem para deixarmos de ter medo e arriscarmo-nos a ser felizes? Demora o tempo que precisamos para mudar. Porque é que somos todos tão fracos? E egoístas? De onde é que vem o egoísmo, afinal? Porque é que não foi erradicado ao longo dos anos? Os anos?
O que é o tempo?
Repito, o que é o tempo?
Aiiiiiiiiiii. É o mesmo do que perguntar o que é o amor.
O que é o amor?
E eu sorrio porque acho na minha inocência de corpo sem alma que pelo menos isso conheci. Vivi. Senti. Deixei que se apoderasse de mim. Deixei que me satisfizesse e depois que me destruísse. Assim. E depois perdi. Não só o amor. Tudo.
O que é o tudo?
O nada não pode existir, acho eu.
Ou será não pode não existir?
O que interessa é que até aquilo que não é nada é algo. O nada pesa. Tira forças. E não deixa nada. Ou então deixa tudo em forma de nada. Deixa por exemplo o amor sob forma de dor.
Porque é que a droga existe? Para provar que o mundo real (ou aquele em que vivemos) não é bonito. Pelo menos lembro-me de ter aprendido isto com ela.
Porque é que a arte existe? Para provar que a vida não é suficiente.
A vida não é suficiente?
Então quais são os limites?
Porque não mos mostram?
Porque é que tenho que ser eu a explorá-los?
E porque é que decidi não recorrer à arte para fazê-lo?
Porquê?
Porque é que eu não tenho quatro anos,
E ainda estou na idade dos porquês?






domingo, 24 de maio de 2009

"The end comes when we no longer talk with ourselves. It is the end of genuine thinking and the beginning of final loneliness."

Não consigo pensar,
Não consigo sentir,
Não consigo estar só
Mais um dia.
Vejo, observo, absorvo
Mas o quê?
Nada muda,
Tudo destrói.
E eu continuo aqui
Sem pensar
Sem sentir
Só comigo
Que já nem sou.

sábado, 16 de maio de 2009

this is not a love song

Fica comigo,
Podemos fazer de conta que
A dor foi embora
E perder-nos
No calor do nosso abraço
Que não serve
Para aquecer
Os nossos corações,
Tantas foram as horas frias
Passadas na ausência
Do amor.

Fica comigo,
Vamos saltar por entre
Trampolins de ternura
E fazer malabarismos
De afecto. De afecto!
De mãos dadas,
Faremos o pino,
Voaremos até
Onde as nossas
Liberdades nos deixarem
E nunca perderemos
De vista o caminho
Para nossas casas.

Fica comigo,
Eu só quero sentir, partilhar.
Não quero amar,
Porque amor para dar
Sinto que não tenho.
Deixaram-me sem nada
Ou então deixei eu
Que me levassem tudo.
Mas o pouco que tenho
É a ti que quero mostrar.
Foste tu quem apareceu,
Foste tu quem reparou
No vazio e na dor
Que aqui moravam.

Fica comigo,
Posso não ser aquilo
Que queres.
Mas sei que precisas
De mim, ou pelo menos,
De alguém.
E eu sou alguém
Que te quer bem.
(Não sei se sabes que)
A minha vida
Ganhou um novo sentido
Com a tua chegada.
E às vezes penso
Que se tiveres que partir
Prefiro que seja já.
(E no entanto,
não consigo evitar pedir,)
Fica comigo.
Porque as horas
Não custam a passar
Quando estás aqui.
O meu sorriso,
Afinal existe.
E os teus olhos.
Os teus olhos,
Pousados em mim
São um beijo
De boa noite
Que tu não sentes
Mas me dás.

Fica comigo,
Mesmo que saibas
Que não sou uma
Pessoa feliz.
Eu estou bem,
Contigo.
Eu estou bem,
Comigo.
Só preciso
Que me deixes
Entrar nesse
Teu mundo.
Afinal duvido
Que seja muito
Diferente
Do meu.
Fica comigo,
Ou pelo menos
Deixa-me tentar
Ficar contigo.
O medo é muito
E sabemos que
O amor é dor.
Mas eu só quero
Olhares de boa noite
Sorrisos de companhia
Abraços de reconforto.
És a única pessoa
Que me dá isso.
Por isso não partas,
Fica comigo.